É A VEZ DO EQUINÓCIO, MAS E O SOLSTÍCIO, O QUE SERIA?

EQUINÓCIO DE OUTONO
Complementando a postagem anterior e aproveitando a data de hoje, quando as 17:32 horas entramos no outono, em que o dia e a noite tem duração iguais, vamos entender o significado das estações do ano e do movimento do Sol, que além de girar em torno de seu eixo, a Terra também desloca-se no espaço, com um movimento de translação em torno do Sol, quando descreve uma elipse, de acordo com as leis de Kepler. Para o observador situado na Terra, todavia, é como se esta fosse fixa e o Sol se movesse em torno dela, seguindo um caminho, que é chamado de eclíptica.

Em sua marcha em torno do Sol, a Terra, descrevendo uma elipse, ficará mais próxima, ou mais afastada do astro da luz. O ponto mais próximo - 147 milhões de quilômetros - é o periélio; o mais afastado - 152 milhões de quilômetros - é o afélio. Se a Terra, no movimento de translação, girasse sobre um eixo vertical em relação ao plano da órbita, as suas diferentes regiões receberiam iluminação sempre sob o mesmo ângulo e a temperatura seria sempre constante, em cada uma delas. Mas, como o eixo é inclinado, em relação à órbita, essa inclinação faz com que os raios solares incidam sobre a Terra segundo um ângulo diferente, a cada dia que passa. E, assim, vão se sucedendo as estações: verão, outono, inverno e primavera.

Como os planos do equador terrestre e da eclíptica não coincidem, tendo uma inclinação, um em relação ao outro, de 23 graus e 27 minutos, eles se cortam ao longo de uma linha, que toca a eclíptica em dois pontos: são os equinócios. O Sol, em sua órbita aparente, cruza esses pontos, ao passar de um hemisfério celeste para outro; a passagem de Sul a Norte, marca o início da primavera no hemisfério Norte e do outono no hemisfério Sul; a passagem do Norte para o Sul, marca o início do outono no hemisfério Norte e da primavera no hemisfério Sul. Esses são os equinócios de primavera e de outono.

EQUINÓCIO é uma palavra que deriva do latim (aequinoctium), e significa “noite igual”, e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual à da noite sobre toda a Terra. Astronomicamente isto se dá quando a Terra atinge uma posição em sua órbita onde o Sol parece estar situado exatamente na intersecção do círculo do Equador Celeste com o círculo da Eclíptica; ou seja, instante em que o Sol no seu movimento anual aparente pela Eclíptica, corta o Equador Celeste, apresentando declinação de 0º.

SOLSTÍCIOS
Por outro lado, nos momentos em que o Sol atinge sua maior distância angular do equador terrestre, ou seja, quando é máximo o valor de sua declinação, ocorrem os solstícios. Os dois solstícios ocorrem a 21 de junho e a 21 de dezembro. A primeira data marca a passagem do Sol pelo primeiro ponto do trópico de Câncer, enquanto que a segunda é a passagem do Sol pelo primeiro ponto do trópico de Capricórnio. No primeiro caso, o Sol está em afélio e é solstício de verão no hemisfério Norte e de inverno no hemisfério Sul; no segundo, o Sol está em periélio e é solstício de inverno no hemisfério Norte e de verão no hemisfério Sul. Portanto, o solstício de verão no hemisfério Norte e de inverno no hemisfério Sul, ocorre quando o Sol está em sua posição mais boreal (Norte), enquanto que o solstício de verão no hemisfério Sul e de inverno no hemisfério Norte, ocorre quando o Sol está em sua posição mais austral (Sul).

SOLSTÍCIO, também derivado do latim, sol + sistere (solstitium), significa parado, imobilizado e está associada à idéia de que o Sol estaria como que estacionário e marca a época do ano em o Sol, no seu movimento aparente na esfera celeste, atinge o máximo afastamento angular do Equador.

É considerado Solstício de Verão (21/06) no Hemisfério Norte e de inverno no Hemisfério Sul, quando o Sol ingressa a 0º do Signo de Câncer e quando o Sol alcança sua máxima declinação norte, 23º27'. Neste momento, o Sol “imobiliza” seu movimento gradual para o sentido sul e passa a dirigir-se na direção do pólo norte, o que leva a caracterizar as estações do ano como opostas nos dois hemisférios, com as denominações se invertendo.

Referências culturais
Nesta data de hoje (Equinócio) em que o dia e a noite tem duração iguais e a partir de então os dias serão cada vez menores, até a chegada do inverno, muitos acreditam que o Deus Sol enfraquece e se prepara para partir para a Terra do verão (o paraíso celta).

Entre os antigos celtas, esta era a época em que a segunda colheita era feita: era tempo de refletir, de pedir ajuda e proteção aos Deuses no período escuro que se inicia após esta data. Quando chegar a noite, escreva seus desejos em um papel e queime-o em uma vela de cor escura.

A luz desta vela representa a proteção dos Deuses para realizá-los.

Em várias culturas nórdicas ancestrais (Hemisfério Norte), o equinócio da primavera era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com a Páscoa da religião cristã.

Em várias culturas ancestrais à volta do globo, o Solstício de inverno, tinha grande importância para diversas culturas antigas que geralmente realizavam celebrações e festivais ligados às suas religiões. Era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com o Natal da religião cristã. O solstício de inverno, o menor dia do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão.

Festas pagãs das mitologias persa e hindu referenciavam as divindades de Mitra como um símbolo do "Sol Vencedor", marcada pelo solstício de inverno.

A cultura do império romano incorporou a comemoração dessa divindade através do Sol Invictus. Com o fortalecimento da religião cristã, a data em que se comemorava as festas pagãs do "Sol Vencedor" passaram referenciar o Natal através da comemoração do nascimento de Jesus Cristo, sem vínculos diretos com as antigas festas pagãs.

O homem primitivo distinguia a diferença entre duas épocas, uma de frio e uma de calor, conceito que, inicialmente, lhe serviu de base para organizar o trabalho agrícola. Graças a isso é que surgiram os cultos solares, com o Sol sendo proclamado - como fonte de calor e de luz - o rei dos céus e o soberano do mundo, com influência marcante sobre todas as religiões e crenças posteriores da humanidade.

E, desde a época das antigas civilizações, o homem imaginou os Solstícios como aberturas opostas do céu, como portas, por onde o Sol entrava e saía, ao terminar o seu curso, em cada círculo tropical.

No calendário chinês, o Solstício de Inverno chama-se dong zhi (chegada do Inverno) e é considerado uma data de importância extrema, visto ser aí festejada a passagem de ano.

Na Europa pré-cristã, os povos chamados pelos católicos de pagãos, tinham grande ligação com esta data. Segundo alguns, monumentos como Stonehenge eram construídos de forma a estarem orientados para o por do sol do solstício de inverno e nascer do do sol no solstício de verão.

Entre os romanos os festivais eram muito populares. O período marcava a Saturnália, em homenagem ao deus Saturno. O Deus persa Mitra, também cultuado por muitos romanos, teria nascido durante o Solstício. Divindades ligadas ao Sol em geral eram celebradas no solstício também.
Com a introdução do cristianismo no Império Romano houve, por parte da Igreja Católica, uma tentativa de cristianizar os festivais "pagãos".

No Peru, em Machu Picchu a pedra denominada Intihuatana marca um ponto de solstício. Esta palavra significa o ponto de amarrar o Sol para que ele não se afaste mais.

Em Malta, neste templo em Mnajdra construído por volta de 3.000 a.C., a luz que entra exatamente alinhada por uma abertura, no Solstício de Verão, vai iluminar um ponto específico do altar, na parte interna da construção.

Também na Maçonaria, os Solstícios tem um elevado significado. No Templo Maçônico, essas datas solsticiais estão representadas num símbolo, que é o Círculo entre Paralelas Verticais e Tangenciais.
Este significa que o Sol não transpõe os trópicos, o que sugere, ao Maçom, que a consciência religiosa do Homem é inviolável e as paralelas representam os trópicos de Câncer e de Capricórnio e os dois São João.

De acordo com escritor José Castellane, a importância dessa representação das portas solsticiais pode ser encontrada com o auxílio do simbolismo cristão, pois, para o Maçom, as festas dos solstícios são, em última análise, as festas de São João Batista e de São João Evangelista.

São dois São João e há, aí, uma evidente relação com o Deus romano Janus e suas duas faces: o futuro e o passado. O futuro que deve ser construído à luz do passado. Sob uma visão simbólica, os dois encontram-se num momento de transição, com o fim de um grande ano cósmico e o começo de um novo, que marca o nascimento de Jesus: um anuncia a sua vinda e o outro propaga a sua palavra. Foi a semelhança entre as palavras Janus e Joannes (João, que, em hebraico é Ieho-hannam = graça de Deus) que facilitou a troca do Janus pagão pelo João cristão, com a finalidade de extirpar uma tradição “pagã”, que se chocava com o cristianismo. E foi desta maneira que os dois São João foram associados aos Solstícios e presidem às festas solsticiais.

Continua, aí, a dualidade, princípio da vida: diante de Câncer, Capricórnio; diante dos dias mais longos, do verão, os dias mais curtos, do inverno; diante de São João “do inverno”, com as trevas, Capricórnio e a Porta de Deus, o São João “do verão”, com a luz, Câncer e a Porta dos Homens (vale dizer que, para os Maçons, simbolicamente, as condições geográficas são, sempre, as do Hemisférios Norte).

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