Visita de Jovens Agropecuaristas da Austrália e do Canadá ao Brasil, em especial na UNESP Ilha Solteira e Aula Prática da Graduação em Agronomia

 
Prof. Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez, integrantes do LHI (Diego Feitosa e Jean Quaresma) e os jovens agropecuaristas da Austrália e do Canadá em visita ao Brasil, na UNESP Ilha Solteira.

Estiveram ontem (26/março/2012) em visita ao Laboratório de Hidráulica e Irrigação (LHI) da UNESP Ilha Solteira, sete agropecuaristas da Austrália e um do Canadá, aonde conheceram as atividades de pesquisa e extensão da universidade, com destaque para o uso das ferramentas oferecidas em apoio aos irrigantes, que vão desde a avaliação dos equipamentos de irrigação, da qualidade e disponibilidade da água (objetivando o uso racional da água) e da Rede de Estações Agrometeorológicas Automáticas do Noroeste Paulista, que foi recentemente implantada com recursos da FAPESP - Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo. Esses trabalhos da UNESP Ilha Solteira foram divulgados no Japão durante a 4th IWA - ASPIRE - Conference & Exhibition "Toward Sustainable Water Supply and Recycling Systems), 2-6 October 2011, Tokyo International Forum, Japan.

Prof. Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez apresentando os trabalhos de pesquisa e extensão da UNESP Ilha Solteira aos jovens agropecuaristas da Austrália e do Canadá, com ênfase para Rede de Estações Agrometeorológicas Automáticas do Noroeste Paulista.

Os mesmos agropecuaristas foram destaques em seus respectivos países, além de serem premiados com Bolsas da ONG Fundação Nuffield (Londres) com viagens pelo mundo para conhecimento da agropecuária desenvolvida nos diferentes países. Foram recebidos pelo Professor Titular da Área de Hidráulica e Irrigação (AHI) da UNESP Ilha Solteira, Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez, que os acompanhou na visita na UNESP e também na região ao longo do dia. As visitas foram em fazendas com integração lavoura-pecuária e uso da irrigação para a produção de cereais, oleaginosas e cana,  fazenda Bonança, e também na CESP - Usina Hidrelétrica Ilha Solteira.

Jovens agropecuaristas da Austrália e do Canadá buscando informações técnicas e os trabalhos de pesquisa e extensão realizados pela UNESP Ilha Solteira.

Na visita ao Brasil os agropecuaristas estão sendo acompanhados pelo Engenheiro Agrônomo Pablo Rodrigues Manfrim - Consultor -, que trabalhou em atividades agropecuárias por um longo período na Austrália.
Momento ímpar de encontro e parceria dos alunos da Graduação em Agronomia da UNESP Ilha Solteira e os jovens agropecuaristas da Austrália e do Canadá, apresentados pelo Prof. Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez. Estudantes da UNESP puderam interagir e fazer perguntas e ainda testar como estão se virando com a lingua inglesa, um pouco mais difícil de entender devido ao "sotaque" britânico, menos comum de encontrar por aqui.

Dedicação, empenho, motivação e busca de conhecimento, essas foram algumas palavras colocadas pelo Prof. Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez (UNESP Ilha Solteira) para os alunos da Graduação em Agronomia, que estiveram na aula prática e no encontro com os jovens agropecuaristas da Austrália e do Canadá.

Fazendo parte das atividades da Disciplina Irrigação e Drenagem da Graduação em Agronomia da UNESP Ilha Solteira, tivemos ontem (26/março/2012) aulas práticas sobre qualidade e disponibilidade da água e mediação "in loco" de vazão (hidrometria), pelo método do flutuador e do molinete. As aulas foram no Córrego do "Cinturão Verde", nas proximidades de Ilha Solteira e com Coordenadas Geográficas de 20º27'13,1''S e 51º20'25,6''W.

O Córrego do Cinturão Verde deságua no Rio Paraná e verifica-se que a maior parte deste manancial está degradado, com ausência de matas ciliares, processo erosivo acentuado e toda sua extenção ocupado por espécie Taboa (Typha sp.), planta hidrófita (aquática) típica de brejos, manguezais, várzeas e outros espelhos de águas).

Presença da espécie taboa no Córrego do Cinturão Verde

O intenso uso da água e a conseqüente degradação física, química e biológica contribuem para agravar sua escassez e qualidade de água. Por esse motivo a Área de Hidráulica e Irrigação (AHI) da UNESP Ilha Solteira, tem a necessidade crescente do acompanhamento das alterações da qualidade da água da região noroeste, que faz parte do monitoramento ambiental de forma a impedir que problemas decorrentes da poluição da água venham a comprometer seu aproveitamento múltiplo.

Dr. Ronaldo Cintra Lima (UNESP Ilha Solteira) explicando métodos de medição de vazão (hidrometria) aos alunos da Graduação em Agronomia no  Córrego do Cinturão Verde.

Nesta aula prática os alunos tiveram a oportunidade de conhecerem os dois métodos de medição de vazão (método do flutuador e o método do molinete hidrométrico), onde o primeiro é simples e barato de realizar em campo e o segundo é um método mais eficiente de medição de vazão, pois consiste em um equipamento que mede a velocidade média do fuxo de água ao longo da largura do curso d’água, sendo calculada da seguinte maneira:
Q= v1 * S1+ v2 * S2 + ... + vn * Sn
Onde:
Q = vazão do curso d’água (m3/s);
v1 = velocidade do fluxo de água na seção molhada 1 (m/s);
S1 = área da seção 1 (m2);
v2 = velocidade do fluxo de água na seção molhada 2 (m/s);
S2 = área da seção 2 (m2);
vn = velocidade do fluxo de água na seção molhada n (m/s);
Sn = área da seção n (m2);

Alunos da Graduação em Agronomia da UNESP Ilha Solteira em medição de vazão no Córrego do Cinturão Verde, instruídos pelo Dr. Renato Alberto Momesso Franco.

No método do flutuador deve-se procurar um trecho do córrego, uniforme e que o fundo não seja muito irregular. Determina dois pontos com distância de 5 metros no trecho a ser medido, esta distância vai ser usada para medir a velocidade do fluxo. No ponto a montante constrói o perfil, medindo a largura e a profunididade da seção. Disto resulta a área da seção transversal do córrego (m2), a jusante realiza-se o mesmo procedimento, no final tem a média das duas seções. Os tempos gasto pelo flutuador para atravessar a distância dos dois pontos devem ser anotados e o resultado é uma média dos tempos, o objeto utilizado na prática foi um garrafa pet (600 ml). A fórmula para cáculo de vazão, segue abaixo:
Q = A * D * C / T
Onde:
Q = vazão (m3/s);
A = área da seção transversal do córrego (m2);
D = distância usada para medir a velocidade do fluxo d'água;
C = coeficiente de correção: usar 0,8 para córrego com fundo rochoso; usar 0,9 para córrego com fundo lodoso;
T = tempo (s) gasto pelo objeto flutuador para atravessar a distância D.

As aulas foram ministradas pelos Doutores em Agronomia (Sistemas de Produção) da UNESP Ilha Solteira, Ronaldo Cintra Lima e Renato Alberto Momesso Franco, com auxílio dos alunos da Pós-Graduação em Agronomia, doutorando Marcus Damião de Lacerda e mestrando Diego Gonçalves Feitosa.

Dr. Renato Alberto Momesso Franco (UNESP Ilha Solteira) explicando sobre a qualidade e disponibilidade de água no Córrego do Cinturão Verde aos alunos da Graduação em Agronomia.

Foram repassadas explicações nos cuidados necessários para uma precisa medição e amostragem da água, bem como apresentado os sinais de degradação ambiental ao longo do córrego que afetam a qualidade da água, com destaque à presença de ferro e sedimentos, fruto de uma má conservação do solo. 

Para demostrar aos alunos os procedimentos de coleta em campo, houve coleta de água neste local, pois a informação sobre qualidade da água é necessária para que se conheça a situação dos corpos hídricos com relação aos impactos antrópicos na microbacia.

Além do mais, os alunos tem a oportunidade de absorverem conhecimentos sobre o uso e ocupação do solo e a ação antrópica sobre a disponibilidade e qualidade da água discutida e vivenciada em campo. Dr. Renato Alberto Momesso Franco (UNESP Ilha Solteira), junto com os alunos, fizeram a amostragem da água em vários pontos, com o objetivo da avaliação em laboratório, que revelará alguns dados, tais como:

• Unidades Nefelométricas de Turbidez (UNT) por Espectrofotometria (Hach);
• Nitrato (mg/L) por Espectrofotometria (Hach);
• Coliforme Totais (microbiota da água, plantas e solo) em NMP/100 mL;
• Coliforme Fecais ou Escherichia coli (microbiota intestinal) em NMP/100 mL;
• Bactérias Heterotróficas (diversas espécies, algumas patogênicas) em UFC/mL;
• Condutividade Elétrica - CE (dS/m);
• Temperatura (°C);
• Dureza Total (mg/L);
• pH;
• SS, SD, STS e OD (mg/L);
• Fe, Ca e Mg (mg/L).

Alunos da Graduação em Agronomia da UNESP Ilha Solteira em aula prática no Córrego do Cinturão Verde, sobre mediação de vazão.

No final dessa aula prática, a nossa expectativa é a de que os alunos possam consolidar os seus conhecimentos em gerenciamento da água, reconhecendo os limites de uma microbacia e a importância do trabalho de conservação do solo e da água de maneira coletiva, a legislação em vigor, a medição da vazão "in loco" e a comparação com vazão regionalizada em suas várias formas de cálculo e ainda a qualidade da água em seus aspectos físicos, químicos e biológicos.

Os alunos percorreram o Projeto e a Microbacia do Cinturão Verde em Ilha Solteira - Área Norte, desde a sua nascente em uma área urbanizada, passando por uma área de mata remanescente, passando por área degrada tomada de macrófita, como aguapé e a taboa, além de conhecerem as estruturas de abastecimento coletivo de água para irrigação.

As aulas de qualidade da água e hidrometria dos semestres anteriores realizadas no mesmo local podem ser conferidas no Portal da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira em "Aula Práticas".

Na parte da tarde, as aulas práticas continuaram na área irrigada do Projeto Cinturão Verde e na FEPE - Pomar, conheceram os sistemas de irrigação localizada, incluindo o injetor de químicos e sistemas de filtragem, bem como dispositivos de segurança hidráulica, adutoras e válvulas.

Aula prática do Dr. Ronaldo Cintra Lima na FEPE - POMAR da UNESP Ilha Solteira, sobre sistemas de irrigação e injetor de químicos.

Aula prática do Dr. Ronaldo Cintra Lima no Cinturão Verde em Ilha Solteira

A aulas práticas são realizadas em um mesmo local e devidamente registradas, onde os atuais alunos podem observar as mudanças que ocorrem semestre a semestre no local, tanto fisicamente, como na qualidade da água e vazão. 

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