Ceticismo climático atinge recorde nos EUA, diz pesquisa

Quase metade dos americanos acredita que as preocupações com o aquecimento global são exageradas, assim como cada vez mais pessoas duvidam de que graves crises ambientais vão ocorrer por causa dele. Os dados são de uma nova pesquisa, feita pelo Instituto Gallup.

As dúvidas aparecem enquanto o presidente Barack Obama pressiona o Congresso para aprovar uma legislação que reduza as emissões de gases de efeito estufa no país.

Com eleições parlamentares a menos de oito meses, muitos congressistas estão hesitantes em aceitar uma lei referente às mudanças climáticas, especialmente se o interesse dos eleitores nela estiver diminuindo.

Sem apoio do Senado, dificilmente Obama conseguirá atingir a meta de reduzir em 17% as emissões dos EUA até 2020, em comparação com os níveis de 2005. O país é historicamente o maior poluidor do mundo.

A nova sondagem, feita entre 4 e 7 de março, indica que 48% dos americanos agora acreditam que a seriedade do aquecimento global é exagerada, contra 41% ano passado e 31% em 1997, quando foi feita a primeira pesquisa.

"Climagate" - O resultado aparece logo após a descoberta de que certos detalhes das descobertas científicas que entraram nos relatórios do IPCC (o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU) estavam ou errados ou exagerados.

Também contribuiu para minar a confiança na ciência climática o vazamento de e-mails de cientistas britânicos ligados ao IPCC, no ano passado. Os e-mails revelavam comportamentos profissionais duvidosos e tentativas de negar informação a céticos do clima.

Especialistas dizem que, apesar dos erros, as evidências disponíveis sustentam a ideia de que um planeta mais quente vai fazer com desastres naturais se tornem mais frequentes.

A maioria dos americanos ainda acredita que o aquecimento global é real, mas a porcentagem está diminuindo e é a menor desde 1997.

Mais de um terço dos entrevistados disse que os efeitos do aquecimento global nunca vão acontecer (19%) ou que não acontecerão enquanto eles estiverem vivos (16%).

Um número crescente duvida de que o aquecimento global esteja relacionado a atividades humanas: 50% apontam essa causa, contra 46% que dizem que a responsabilidade é de mudanças naturais. Para comparar, esses valores eram de 61% e 31% em 2003.

A pesquisa entrevistou mais de mil adultos e tem uma margem de erro de quatro pontos.


Países decidem ação imediata em florestas

Um grupo de 58 países reunidos ontem em Paris concordou em colocar para funcionar imediatamente um mecanismo para reduzir as emissões de gases-estufa por desmatamento -mesmo na ausência de um acordo global sobre emissões.

De quebra, elevou a verba disponível para a tarefa para US$ 4,5 bilhões, com a promessa de chegar a US$ 6 bilhões até maio. O dinheiro deverá ser investido em capacitação técnica e monitoramento de desmatamento tropical até 2012.

O objetivo da reunião foi estabelecer um mecanismo provisório para o Redd (Redução de Emissões por Desmatamento), uma maneira de incluir a proteção às florestas no combate ao aquecimento global e compensar os países tropicais por isso. Apesar de um acordo para controlar emissões não ter sido firmado na conferência do clima de Copenhague, em dezembro passado, a maioria dos países acha que o Redd pode ser implementado já.

Nações como os EUA, a Noruega, a França e o Reino Unido já haviam disponibilizado US$ 3,5 bilhões para ações de Redd. Ontem, a Alemanha, o Banco Mundial e a Finlândia também "coçaram o bolso", nas palavras do ministro do Meio Ambiente do Brasil, Carlos Minc, e colocaram mais US$ 1 bilhão.

"Frustrante"

Abrindo o encontro ontem, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que as florestas precisam de financiamento agressivo. "Juntos, demonstraremos que é possível obter resultados mensuráveis e concretos, já neste ano, começando com a luta contra o desmatamento", declarou, chamando Copenhague de "frustrante". Ele reiterou seu apelo por uma taxa sobre transações financeiras, que poderia financiar o combate à mudança do clima. Em Paris, foi formado um grupo de países (Austrália, Brasil, Papua-Nova Guiné, Noruega, Cong e França) para mapear os projetos de Redd existentes e identificar quem precisa de recursos e quanto.

Segundo Minc, uma próxima reunião em Oslo, em maio, deve definir um grupo de oito países que poderá direcionar a aplicação do dinheiro e selecionar projetos -algo como o comitê que supervisiona o Fundo Amazônia no Brasil.

A verba será canalizada por instituições já existentes, como o Fundo Ambiental Global, do Banco Mundial, e a FAO (órgão da ONU para a agricultura).

Minc definiu o espírito da reunião: "É menos do que euforia, mas os países com floresta ficaram animados".Um grupo de 58 países reunidos ontem em Paris concordou em colocar para funcionar imediatamente um mecanismo para reduzir as emissões de gases-estufa por desmatamento -mesmo na ausência de um acordo global sobre emissões.

De quebra, elevou a verba disponível para a tarefa para US$ 4,5 bilhões, com a promessa de chegar a US$ 6 bilhões até maio. O dinheiro deverá ser investido em capacitação técnica e monitoramento de desmatamento tropical até 2012.

O objetivo da reunião foi estabelecer um mecanismo provisório para o Redd (Redução de Emissões por Desmatamento), uma maneira de incluir a proteção às florestas no combate ao aquecimento global e compensar os países tropicais por isso. Apesar de um acordo para controlar emissões não ter sido firmado na conferência do clima de Copenhague, em dezembro passado, a maioria dos países acha que o Redd pode ser implementado já.

Nações como os EUA, a Noruega, a França e o Reino Unido já haviam disponibilizado US$ 3,5 bilhões para ações de Redd. Ontem, a Alemanha, o Banco Mundial e a Finlândia também "coçaram o bolso", nas palavras do ministro do Meio Ambiente do Brasil, Carlos Minc, e colocaram mais US$ 1 bilhão.

Fonte: Folha de São Paulo, 12 de março de 2010. Caderno Ciências, A17

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