FERROVIA NORTE-SUL: Trecho até Estrela d'Oeste fica pronto só em 2014

Atraso na ferrovia norte-sul custa ao país R$12 bi por ano

Brasil perde com frete caro, carga que deixa de ser transportada e é desperdiçada e tributo que não é arrecadado

O cheiro de comida estragada não impede que Paulo da Silva, 21, descanse às 14h30 de uma segunda-feira  num sofá velho do alojamento do lote 4 das obras da ferrovia Norte-Sul em Uruaçu, a 230 quilômetros de Brasília.

Meses atrás, naquele mesmo horário, Silva estaria entre 700 trabalhadores que finalizavam o trecho da estrada de ferro que, depois de 27 anos de promessas, ligaria o Norte ao Sul do Brasil. Agora, ele é o único por ali. Todos os outros se foram, mas a ferrovia não ficou pronta.

Sem a Norte-Sul, o país perde R$ 12 bilhões ao ano em cargas não transportadas, tributos não arrecadados, poluição pelo uso alternativo de caminhões e afins, segundo estudo da Valec, estatal responsável pela que, estima-se, já tenha consumido R$ 8 bilhões.

Os bilhões de prejuízo de 2012 já estão na conta: o governo deixou vencer contratos com as empreiteiras e a obra não fica mais pronta em julho, como a presidente Dilma Rousseff anunciara.

PELA ESTRADA
O alojamento do piauiense Silva, que veio para Goiás em 2010 no seu primeiro emprego, fica próximo à BR-080, a Belém-Brasília, por onde caminhões velhos transportam os últimos grãos da safra de 100 mil toneladas de soja da cidade, deixando cair parte deles ao longo do caminho.

Quando chegam ao destino, até 12% do que foi embarcado ficou pela estrada, diz Alarico Júnior, presidente do sindicato dos produtores Rurais da cidade, decepicionado ao saber que mais uma promessa de inauguração da Norte-Sul não será cumprida, o que vai lhe custar caro. "Lula falou duas vezes que ia inaugurar", disse Júnior. "Continuaremos pagando R$ 2 a mais por saca de soja para levar por caminhão até Anápolis para de lá ir para o Sul. De trem até o Maranhão sairia 40% mais barato".

Luiz Fayet, consultor da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), lembra que 46 milhões de toneladas de soja para exportação são produzidos acima do paralelo 16, onde começa esse trecho da Norte-Sul.

Quase toda essa soja desce de caminhão para o Sul quando poderia, via ferrovia, chegar aos portos do Norte, mais próximos da Ásia, destino final do produto. Isso faz o custo de frete no país ser 300% mais caro que EUA que o de EUA e Argentina. Ainda que a ferrovia ficasse pronta, não poderia carregar nada da região que corta. Isso porque nenhum dos quatro pátios para embarque de cargas está sequer iniciado.

DESPERDÍCIO
Entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), a obra está 95% concluída. Sem término, barrancos caem ao longo da ferrovia, trilhos assoreados e com o mato crescendo. Como a Valec deixou vencer os contratos com as empresas, uma nova licitação ou uma contratação de emergência terá que ser feita. Se isso não acontecer até o fim da temporada seca (que termina em outubro), a estimativa é que os complementos só fiquem prontos no fim de 2013.

De Uruaçu e Anápoli (Dimi Amora) e de Brasília  (Marcio Falcão)
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Estatal admite atraso e prevê entrega em 2013 

A Valec, estatal responsável Norte-Sul confirmou em resposta à Folha que não vai mais inaugurar a ferrovia em julho. A nova previsão é setembro de 2013. A estatal, presidida desde setembro de 2011 por José Castello Branco, responsabilizou a gestão anterior, de José Francisco das Neves, o Juquinha, pelos problemas atuais da ferrovia. 

Juquinha saiu em julho de 2011 após denúncias contra o Ministério dos Transportes que deram início à chamada "faxina" ética.



"A direção anterior privilegiou o lançamento dos trilhos, ficando pendentes as obras de drenagem e proteção vegetal", informa a Valec. "Além disso, foram deixadas de lado intervenções em alguns cortes e aterros com problemas geotécnicos, assim como pátios intermodais e postos de cruzamentos de composições." O ex-presidente informou que deixou a Norte-Sul 95% pronta e, se houvesse continuidade no trabalho, a obra estaria concluída.

Sobre a falta de pátios, a empresa informou que em julho será lançado edital de licitação para a execução dessas obras, assim como de trabalhos que ainda não foram realizados. A empresa informou que ainda calcula os prejuízos decorrentes da paralisação das obras.
Fonte: Folha de São Paulo

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Trilhos da Ferronorte chegam a Cuiabá em 2016

Entusiasta do transporte ferroviário, o deputado Edinho Araújo saudou na tribuna da Câmara Federal, a inauguração do terminal ferroviário de Itiquira, no Mato Grosso, como mais um passo importante na integração ferroviária do Centro-Oeste brasileiro. A capacidade do terminal é de 100 mil toneladas de grãos/dia e o investimento foi de R$ 40 milhões.

Desde a inauguração da ferrovia sobre o o rio Paraná, há 14 anos, os trilhos da ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte) começam a avançar pelos estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, ligando as maiores regiões produtoras de grãos do País ao porto de Santos, passando pela região Noroeste de de São Paulo.



Os próximos passos na integração ferroviária levarão os trilhos até Rondonópolis e daí Cuiabá, em 2016. "Há 35 anos a chegada da ferrovia a Mato Grosso não passava de um sonho. Lutamos ombro a ombro com o senador Vuolo e o saudoso deputado Roberto Rollemberg na defesa de um sonho: a ligação ferroviária de São Paulo e Mato Grosso do Sul, entre Rubineia no lado paulista e Aparecida do Taboado no Mato Grosso do Sul. Sabíamos que uma ponte rodoferroviária naquele local seria estratégica ára impulsionar o desenvolvimento ferroviário no Centro-Oeste Brasileiro. A obra finalmente foi entregue pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998, no valor de 550 milhões", destacou Edinho. "É a ferrovia impulsionando a economia do Centro-Oeste e consolidando o desenvolvimento nacional", acrescentou. 

Mario Soler  no Jornal de Jales, nº2459 - 10 de junho de 2012, p. 1-06 

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