Embrapa Uva e Vinho apresenta novas seleções de uvas sem sementes

Novas seleções de uvas sem sementes para mesa estão em fase final de avaliação pela Embrapa Uva e Vinho, na Estação Experimental de Viticultura Tropical, no Córrego da Barra Bonita, em Jales, e devem seguir em breve para a última fase do trabalho de melhoramento genético.

Em texto especial para o Jornal de Jales, os pesquisadores João Dimas Garcia Maia e Patrícia Silva Ritschel informam que na etapa de validação, as seleções avançadas serão submetidas à avaliação por técnicos e produtores parceiros em diferentes pólos de produção.

Na semana de 29 de junho a 04 de julho, estas seleções foram apresentadas para técnicos da Secretaria de Agricultura e lideranças do setor de diferentes pólos de produção. Estiveram presentes ao evento técnicos do Escritório de Desenvolvimento Rural de Jales, das Casas de Agricultura de Jales e de Tupi Paulista, e da Secretaria Municipal de Agricultura de Jales.

O presidente da Avirtupi (Associação dos Produtores de Uvas de Tupi Paulista) e o presidente do Sindicato Rural de Indaiatuba também prestigiaram o evento. Na oportunidade, foi realizada a degustação das uvas, uma visita às plantas no campo e a apresentação das normas do contrato de parceria entre a Embrapa e futuros cooperantes. Ainda este ano serão realizadas as visitas a diferentes pólos de produção, como Norte do Paraná e região de PetrolinaJuazeiro, no Nordeste Brasileiro, para estabelecimento das parcerias para avaliação das seleções avançadas em cada região.
Fonte: Jornal de Jales, Jales, nº 2312, 12 de julho de 2009. p.1.01 (Capa).

O trabalho de melhoramento genético na Embrapa Uva e Vinho


As pesquisas com o melhoramento genético da uva foram intensificadas após a criação da Estação Experimental de Viticultura Tropical, em Jales. O clima quente da região permite reduzir pela metade o tempo necessário para a criação de uma nova variedade, quando comparado com regiões de clima temperado, onde são gastos 16 a 20 anos. A Embrapa Uva e Vinho já realizou 1.382 cruzamentos, gerando mais de 50.000 plantas geneticamente diferentes em 32 anos de pesquisas. O melhoramento genético envolve a execução de quatro etapas básicas: realização dos cruzamentos e obtenção dos híbridos (um ano); avaliação e seleção de híbridos (um ano); avaliação de seleções (três safras); e teste de validação junto com produtores ou com a indústria (três a quatro anos). As etapas 1, 2, e três são realizadas na Embrapa Uva e Vinho-EEVT. A quarta e última etapa é realizada em áreas comerciais por meio de parcerias com produtores ou com a indústria vinícola, devido à necessidade de obtenção das uvas ou derivados em escala comercial e da realização de avaliação de mercado.


CULTIVARES DESENVOLVIDAS PELA EMBRAPA UVA E VINHO
A Embrapa já desenvolveu quatro cultivares (BRS Rubea, BRS Cora, BRS Violeta, BRS Carmem) e dois clones (Isabel Precoce e Concord Clone 30) para elaboração de suco; três variedades híbridas para elaboração de vinhos e espumantes (BRS Lorena, Moscato Embrapa, e BRS Margot); duas cultivares de uvas rústicas (Dona Zilá e Tardia de Caxias); e três cultivares de uvas sem sementes (BRS Morena, BRS Linda, e BRS Clara).

ANDAMENTO DAS PESQUISAS
Na Estação Experimental de Viticultura Tropical, a Embrapa Uva e Vinho mantém três hectares de parreiras onde são avaliados cerca de 8.500 híbridos. São ainda mantidos três hectares para avaliação das seleções intermediárias.

Anualmente, são realizados 50 cruzamentos entre seleções avançadas, sendo obtidas cerca de 3.000 novas plantas sem sementes. Os grandes avanços no desenvolvimento das novas cultivares de uvas sem sementes, nas quais as sementes se degeneram após o início da formação, foram obtidos após o domínio da técnica do resgate e cultura de embriões. Essa técnica possibilita o desenvolvimento em laboratório da semente imatura ou ‘semente traço’, retirada da baga ainda não completamente madura, e o resgate do embrião antes que ele aborte. Em síntese, as sementes e os embriões se desenvolvem fora das uvas, como ‘bebês de proveta’, até se transformarem em plantas com resistência para serem cultivadas no campo.

Atualmente, estão em avaliação na Embrapa Uva e Vinho-EEVT, cerca de 500 tipos diferentes de uvas, sendo aproximadamente 70 % de uvas sem sementes. É mantida uma grande diversidade genética com as mais variadas características que possibilitarão grandes avanços na busca por novas e melhores cultivares de uvas para mesa e para elaboração de suco, de vinho ou ainda para portas-enxerto. Já avançamos muito na busca por variedades resistentes à principal doença da uva em condições tropicais, o míldio, responsável por cerca de 70 % das aplicações de agrotóxicos nas parreiras. Com as novas variedades resistentes a essa doença será possível reduzir bastante o número de aplicações de defensivos por ano, diminuindo custo de produção, risco ambiental e para a saúde do trabalhador e também do consumidor.

JOÃO DIMAS GARCIA MAIA
(Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho – lotado na Estação Experimental de Viticultura Tropical em Jales)

PATRÍCIA SILVA RITSCHEL
(Pesquisadora. Dra. da Embrapa Uva e Vinho – lotada em Bento Gonçalvez-RS)


Fonte: Jornal de Jales, Jales, nº 2312, 12 de julho de 2009. p.1.08.

Comentários

  1. Este é mais um dos exemplos de iniciativa bem sucedida que aconteceu na região noroeste paulista. Um produtor inicia o plantio, a extensão rural (CATI) deu o apoio, as lideranças se movimentam e trazem a EMBRAPA para região e mostra a que veio e por fim a região toda se moderniza e a nossa uva vira referência para o desenvolvimento sócio-econômico.
    Parabéns a todos que se envolveram neste processo!
    Lembrando ainda que para ter a produtividade e a qualidade atual, o uso da irrigação se faz necessário e nesse processo também houve a modernização, dos sistemas por aspersão iniciais para os atuais sistemas localizados (microaspersão e gotejamento).

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