Com 3ºC a mais, o planeta estará à beira da catástrofe
Um planeta que, na segunda metade do século, se encontrará à beira da catástrofe, com uma população próxima dos nove bilhões de seres humanos e com os ecossistemas de joelho, incapaz de fornecer água, alimento e energia suficientes.
É o cenário pós-Copenhague: um mundo sufocado pelos gases do efeito estufa, três graus mais quente.
É o cenário pós-Copenhague: um mundo sufocado pelos gases do efeito estufa, três graus mais quente.
A reportagem é de Antonio Cianciullo, publicada no jornal La Repubblica, 21-12-2009. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Enquanto as delegações dos 192 países que participaram da conferência sobre o clima sobem aos aviões levando para casa um miniacordo teórico, sem os alvos para os cortes das emissões de gás carbônico, foi preparada uma primeira análise que projeta em nível global as consequências do fracasso da cúpula da ONU.
A análise foi preparada pelo Greenpeace para mostrar as consequências da rendição diante da ameaça climática. Eis o que aconteceria se, continuando a queimar petróleo e carbono e a cortar florestas, permitíssemos que o aquecimento global aumentasse fora do controle.
Chuvas
O ritmo das chuvas mudará, os furacões se tornarão mais intensos e mais frequentes, o nível do mares crescerá destruindo dezenas de cidades costeiras e ilhas (os arquipélagos que se opuseram até o último momento, em Copenhague, ao pacto por baixo entre Estados Unidos e China, rejeitando-se a assinar o entendimento). As áreas áridas e semiáridas na África irão se expandir pelo menos 5% a 8%, se perderá 80% da floresta pluvial amazônica. A taiga chinesa, a tundra siberiana e a tundra canadense serão seriamente atingidas.
Geleiras
O Polo Norte irá se tornar em breve navegável no verão. Uma elevação de três graus da temperatura média destruiria um terço das geleiras tibetanas em 40 anos. A população mundial submetida a um crescente estresse hídrico passaria do um bilhão atual a 3,2 bilhões. E outros 200-600 milhões de pessoas se somariam ao elenco daqueles que não têm comida suficiente para sobreviver.
As espécies em risco
Significativas extinções estão previstas em todo o planeta: um terço das espécies estarão em risco. Desapareceram 15-40% das espécies endêmicas nos "hot spot" da biodiversidade mundial. Na América Latina, 25% das espécies arbóreas da savana correm risco de extinção.
Saúde
A onda de choque sobre a qualidade e a duração da vida seria devastadora. "Com um aumento de três graus, 3,5 bilhões de pessoas no mundo estarão em risco de contrair a dengue, e dois bilhões, em risco de contrair malária, uma doença que hoje já mata um milhão de pessoas por ano", indica Roberto Bertollini, responsável pelo setor de mudanças climáticas da Organização Mundial da Saúde.
"Além disso, por causa da falta de água, aumentarão as vítimas da diarreia, que mata 2,2 milhões de pessoas por ano, e da seca, que multiplicará por seis o seu impacto. Na América do Norte, prevê-se 70% de crescimento dos dias com alto risco de concentração de ozônio. A União Europeia estima que, no continente europeu, haverá 86 mil mortos a mais por ano: serão frequentes as ondas de calor que provocaram 70 mil mortos a mais no verão europeu de 2003".
A Itália
Na Itália, o impacto também se anuncia pesado. "Se o nível do mar subisse um metro até 2100, a Itália teria que proteger boa parte das suas costas", calcula Angelo Bonelli, presidente do Partido Verde. "Um estudo que pedimos a um grupo de pesquisadores informa que na Itália 22,8% das costas está sujeito à erosão: são 1.733 quilômetros".
Em risco também ficarão as costas do alto Adriático, de Veneza até Grado, rumo ao sul, desde Rimini, enquanto para o interior a água poderia chegar até Ferrara. Na Toscana, estariam em perigo as costas próximas de Livorno e, rumo ao norte, aquelas de Tombolo até Arno: o mar chegaria à periferia de Pisa. No Lácio, Latina seria submersa e, para o sul, o Tirreno roubaria grande parte das costas próximas do Golfo de Gaeta. Do lado oposto, a Puglia veria Manfredonia e as costas que se desdobram rumo a Barletta submergirem, enquanto a Sardenha poderia dar tchau às costas do Golpe de Oristano, além da península do Sinis e do Stagno di Cagliari. O aumento do nível do Mediterrâneo provocaria ainda um outro problema: a infiltração salina nas camadas aquíferas, o que comprometeria uma parte importante dos recursos hídricos, principalmente na Puglia e na Sicília.
A esperança
"Os poderosos da Terra fizeram falir o objetivo de impedir mudanças climáticas desastrosas: o único resultado concerto é a prisão de quatro de nossos ativistas, presos por ter protestado contra o despreparo dos governos", acusa Kumi Naidoo, diretor do Greenpeace International.
"Mas não acaba aí. Os cidadãos de todo o mundo pediam um verdadeiro acordo, antes que a cúpula iniciasse, e continuam pedindo. Devemos obter dos governos, em todos os níveis, ações concretas que permitam salvar centenas de milhões de pessoas das devastações produzidas por um planeta sempre mais quente".
Se houver uma forte reação da opinião pública, calcula o Greenpeace, evitaremos o cenário marcado por uma freada muito lenta na emissão dos gases do efeito estufa: é preciso um último esforço que permita fechar até 2010 um acordo baseado em cortes rápidos, consistentes e vinculantes.
Fonter: Revista Envolverde/IHU-OnLine
Calma a quem é contra:
ResponderExcluirPor Carlos Madeiro
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion apresenta ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos climatologistas. Representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion assegura que o homem e suas emissões na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global. Ele também diz que há manipulação dos dados da temperatura terrestre e garante: a Terra vai esfriar nos próximos 22 anos.
Em entrevista ao UOL, Molion foi irônico ao ser questionado sobre uma possível ida a Copenhague: “perder meu tempo?” Segundo ele, somente o Brasil, dentre os países emergentes, dá importância à conferência da ONU. O metereólogista defende que a discussão deixou de ser científica para se tornar política e econômica, e que as potências mundiais estariam preocupadas em frear a evolução dos países em desenvolvimento.