VISITANDO A REGIÃO DE DOURADOS - MS

Esta semana estivemos novamente na região de Dourados, Ponta Porã e Aral Moreira, Mato Grosso do Sul para conhecer um pouco desta região tradicionalmente produtora de soja e que agora divide suas terras com a cana de açúcar. No mês passado, lá estivemos para palestrar sobre a irrigação em fruticultura e desta vez o objetivo foi as culturas anuais, base da economia da região.

Entramos no Estado do Mato Grosso do Sul por Presidente Epitácio e somos brindados com um belíssimo pôr do sol sobre o Rio Paraná como podemos observar nestas fotos.

Este ano, ao contrário do ano passado, que por falta de chuva, muitos agricultores tiveram realmente prejuízo, as chuvas tem sido muito generosas, intercalando chuva e sol, muitas vezes no mesmo dia.

Visitamos fazendas sob temperaturas elevadas e sol intenso, mas também pegamos chuvas, sempre de pancada, fortes e restrita a áreas localizadas. A foto a seguir dá a dica de quanto de água água caiu sobre a região em um fim de tarde da nossa visita. E foi muita água!

Nas terras em Dourados e Ponta Porã as fazendas de soja já convivem com a cana, ambas plantadas com elevado nível tecnológico. A cana é colhida mecanicamente e grandes grupos empresariais se encontram na região, atuando tanto na comercialização da soja como na industrialização da cana.


Soja de um lado e cana do outro lado da estrada e uma coincidência: alta produtividade. Incerteza mesmo somente em relação às chuvas e São Pedro continua sendo o "cara" mais inconfiável que existe. Este ano, até agora, tem sido muito generoso e nas fazendas que visitamos a expectativa é de produtividades média entre 55 a 62 sacos de soja por hectares. Confessamos que produtividade assim, só tínhamos visto debaixo de pivô central.

Aliás, que terras espetaculares para projetarmos e instalarmos pivôs centrais, garantindo a água quando na safra eventualmente faltar e ainda a segurança de uma segunda safra! Dá ou não vontade de colocar as torres dos pivôs nestas terras? E a paisagem vista de cima, se alteraria bastante na estação seca, além da maior movimentação econômica da região.

Abaixo, as águas do Rio Douradilho, com bom potencial para atender as demandas da evapotranspiração quando as chuvas não se fizerem presentes.


Também fazia algum tempo que não víamos uma roda d´água em operação em uma grande fazenda. Neste caso, abastece com água de qualidade durante 24 horas ao dia, o reservatório instalado no ponto mais alto da propriedade, à uma distância de mais de 2 kilômetros e uma diferença de nível de 40 metros. A água é utilizada para abastecer os pulverizadores, mas no passado, quando a fazenda se dedicava à pecuária, do reservatório central, a água era distribuída para toda a propriedade.

Seguindo viagem estivemos em Aral Moreira, divisa com o Paraguai, município com terras originalmente mais férteis e topografia um pouco mais pronunciada que na região de Dourados e Ponta Porã. Também há uma menor oferta de água nos mananciais da região. Visitamos as terras na companhia do Engenheiro Agrônomo Paulo Ferreira, proprietário do Escritório de Planejamento Agropecuário Cultivar MS. Na foto, Paulo Ferreira e um produtor local. Observe o efeito do bom suprimento de água à cultura, crescimento uniforme das plantas e o "telhado" retilíneo. Realmente espetacular.


Para fechar com chave de ouro as visitas às plantações de soja, estivemos no Distrito de Vila Marques, município de Aral Moreira, onde considerando a distância e o fato de estarmos a pouca distância de outro país (fronteira seca), registramos a visita na foto a seguir. Como disse Paulo Ferreira, "é mais fácil você ir a China do que vir a Vila Marques". Pois é Paulo, esperamos voltar em breve!
Um pouco da história desta pequena cidade, mas com o município de grande importância econômica, onde a soja e a pecuária são de grande expressão. O Desbravamento do Município de Ponta Porã começou por Aral Moreira. Em 1.883 Thomas Laranjeira instalava suas ranchadas a margem direita do Rio Verde, nas proximidades da atual Vila Caú e iniciava a exploração da erva mate, iniciava o ciclo da erva-mate, que duraria mais de 60 anos.

Inicialmente o número de brasileiros era muito pouco. A maior parte dos empregados na extração de erva-mate eram paraguaios. No final do século famílias riograndenses, fugindo da Revolução, chegaram ao município e dedicaram-se ao pastoreio. Na década de 40 o município recebeu novamente algumas famílias vindas do Rio Grande do Sul.

Anteriormente tinham vindo os Marques, os Freires, os Maciel e outros. Posteriormente vieram os Cardinal, os Portelas, os Bataglin, etc... Na década de 50 foi criada a Colônia General Dutra, marco da importância do desenvolvimento da região. Depois da 2ª Guerra Mundial, a pecuária sobrepujou a erva-mate em importância econômica, após o corte das importações pela Argentina. A partir de 1.970 começaram a chegar paranaenses e riograndenses ao distrito de Rio Verde do Sul. Para se tornar Aral Moreira, houve o plebiscito em 1974, transformando-se em Município em 1976.

De volta a Dourados estivemos na EMBRAPA para manter contato com o Pesquisador Carlos Ricardo Fietz e conhecer o sistema de aquisição e disponibilização das variáveis agroclimatológicas da região, mensuradas por sensores digitais e armazenadas em dataloggers e posteriormente em banco de dados e após cálculos disponibilizadas na Internet. A Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira disponibiliza diariamente as variáveis agroclimatológicas, enquanto que a EMBRAPA vai um pouco mais longe, permitindo que o Internauta tenha acesso aos cálculos de balanço hídrico e banco de dados de maneira customizada, ou seja, de acordo com as suas necessidade de dados e datas de plantio, etc, para as culturas de algodão, feijão, milho, milho 2ª Safra, soja e trigo. Valores extremos e médios são disponibilizados em uma plataforma que pode e deve servir de modelo para a oferta pública das variáveis.

Parabéns Fietz e equipe pelo excelente trabalho!

Toda a base de dados climática da região pode ser acessada no Portal da EMBRAPA Agropecuária Oeste em http://www.cpao.embrapa.br/clima

Também ficamos conhecendo os trabalhos importantes do ponto de vista do planejamento agropecuário e publicações relativas probabilidade de chuvas na região e mantivemos contato para eventuais parcerias em pesquisas ligadas à agroclimatologia e irrigação, especialmente em trabalhos de cooperação para automatização dos sistemas de aquisição de dados agroclimáticos e interface com a Web.

Em resumo, a satisfação foi imensa em conhecer uma região com elevado padrão tecnológico de produção e manter contato com Pesquisadores, Engenheiros Agrônomos e Agropecuaristas, em uma realidade de produção muito diferente da que encontramos no oeste paulista. Também tivemos a acolhida do Engenheiro Agrônomo Sérgio Miranda da empresa Assistenza, uma das líderes na região na oferta de defensivos agrícolas e assistência técnica e grande conhecedor da região.

Alegria também ao verificar o sucesso profissional da nossa Orientada no Curso de Mestrado Daniele Rondina Gomes, atualmente responsável pela Área Comercial (compra de soja) da empresa Bunge. Parabéns e obrigado a todos que nos acolheram nesta visita!

Comentários

  1. Olá, faço parte da equipe de desenvolvimento do SIA - Dourados, o Sistema citado na sua postagem, através de uma busca de páginas que colocara nossos links, muito boa a postagem, agradavel de ler.

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