Aula prática de hidrometria, qualidade da água e avaliação de sistemas de irrigação

Ontem, dia 26 de janeiro de 2010, finalmente conseguimos realizar a aula prática de medição de vazão, qualidade da água, avaliação de um sistema de irrigação inseridos em uma mesma bacia hidrográfica, também utilizada como unidade de gestão. Ontem a chuva deu uma trégua, mas já choveu em Ilha Solteira e região novamente.

A microbacia do Córrego do Coqueiro, que é monitorada pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira foi a escolhida para a realização da aula com os alunos do curso de Pós-Graduação em Agronomia na disciplina de "Manejo e Operação de Sistemas de Irrigação".

A primeira parada foi na ponte sobre o Córrego do Coqueiro na estrada que liga a cidade de Aparecida d´Oeste à Jales, local identificado como Ponto 1 do Monitoramento Hidroagrícola realizado pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira. Discutimos as razões que levam a cada vez mais se adotar a bacia hidrográfica como unidade de gestão, onde o comprometimento entre os stakeholders é o desejado.

Os efeitos da ausência da conservação do solo com o aumento do escoamento de superfície em detrimento do escoamento de base pode ser evidenciado pelas marcas deixadas pela água em partes superiores das margens e também pela erosão e assoreamento já evidente bem próximo da nascente, que acontece no município de Jales.

A seguir fomos ao Ponto 2 do Córrego, onde iniciamos os trabalhos práticos de medição de vazão (hidrometria) pelos métodos do flutuador e do molinete, permitindo a comparação na precisão nos métodos, com uma vazão de 4589 m3/hora para o molinete (velocidade média de 0,65 m/s) e de 6286 m3/hora pelo flutuador com três seções transversais (velocidade de superfície de 1,08 m/s).



No mesmo ponto foi feita a amostragem da água para análise em laboratório, reforçando os cuidados necessários para a higienização dos recipiente e da amostragem para fins de se ter uma ótima representatividade da água.

A análise da água foi feita também na Chácara Alvorada e também na água coletada durante os testes de vazão, mostrando o seguinte resultado:
Oxigênio dissolvido no Córrego Coqueiro (Ponto 2): 6,2 mg/l
Turbidez: 10,04 NTU no Córrego, 15,3 NTU no reservatório da Chácara e 84,2 NTU na linha lateral
Condutividade elétrica: 0,1651 dS/m no Córrego, 0,1137 dS/m no reservatório da Chácara e 0,1054 dS/m na linha lateral
Coliformes fecais: 420 NMP/100mL no Córrego e ausência no reservatório da Chácara
Coliformes totais: 840 NMP/100mL no Córrego e ausência no reservatório da Chácara
Dureza: 112 mg/L no Córrego e 100 mg/L no reservatório da Chácara
Cálcio: 58 mg/L no Córrego e 52 mg/L no reservatório da Chácara
Magnésio: 54 mg/L no Córrego e 48 mg/L no reservatório da Chácara

A visita à Chácara Alvorada no município de São Francisco, com produção de uva irrigada por microaspersão em três setores e com produção de uva fina de mesa e niagara teve por objetivo identificar as diferentes partes do sistema de produção, incluindo os equipamentos e peças que compõem o sistema de irrigação.

A captação de água é feita em um reservatório alimentado pelo lençol freático com limitação de água na estação seca, que precisa ser complementado pela água proveniente de um poço perfurado no centro da propriedade.


São três setores irrigados por microaspersão e foi feito um levantamento completo do sistema e das plantas, com avaliação das pressões e uniformidade de vazão, e cálculos subsequentes que garantem as condições para a realização de um bom manejo de irrigação.




Limpeza de tubulação, presença de ferro, sistema de filtragem, cavaletes, etc, tudo foi visto e discutido, sempre com o acompanhamento do proprietário que fez a gentileza de ligar o sistema mesmo estando o solo completamente molhado, pelo qual agradecemos publicamente e ainda lhe presenteamos com o CD da Orquestra Acadêmica da UNESP.

Na conclusão das avaliações em campo tivemos uma grata surpresa, pois o sistema de irrigação operando há 13 anos com emissores Hadar bocal laranja com pressão de serviço de 10 mca apresentou vazão média de 74,3 litros por hora com CUC de 97,7% e UD de 96,7% e ainda a análise hidráulica comprovou a escolha correta do conjunto moto-bomba de 7,5 cv, que mesmo operando com uma altura manométrica inferior à do catálogo, não comprometeu a uniformidade de distribuição da água.

Outras aulas práticas podem ser visualizadas no marcador aula e as campanhas de campo para o monitoramento das bacias hidrográficas podem ser vistas nos marcadores dos córregos monitorados deste Blog e ainda no Portal da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira. Outros vídeos de aulas práticas podem ser vistos no canal You Tube da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira.

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