Artigo: Os soldados de Dunga
O Técnico Dunga anunciou ontem a escalação da Seleção Brasileira. Hoje todos comentam: acertou, errou, a favor, contra....
Queremos aproveitar para chamar a atenção dos leitores sobre a opção do Treinador, que se ganhar ou perder a Copa, será o responsável pelo resultado, talvez, não o culpado, porque ele não estará em campo e sim seus comandados.
Queremos aproveitar para chamar a atenção dos leitores sobre a opção do Treinador, que se ganhar ou perder a Copa, será o responsável pelo resultado, talvez, não o culpado, porque ele não estará em campo e sim seus comandados.
Para voltar ao Brasil com a Taça coerência, comprometimento e patriotismo formaram a base dos critérios adotados por Dunga para escolher sua equipe. Apostou também na fidelidade de seus jogadores ao trabalho que vem desenvolvendo ao longo de 4 anos. Disse Dunga na abertura da entrevista coletiva: "Quero comprometimento, atitude, jogadores chamando a responsabilidade, paixão! Saber da cobrança, cada um estar disposto a se doar pela Seleção".
Todo lider faz escolhas para chegar aos resultado que deseja. Nas escolhas, os valores envolvidos diferem entre os diferentes líderes. Fazem a opção entre mandar e delegar, ter equipe ou ter grupo, ter mais trabalho ou menos trabalho, mais o coletivo ou mais o brilho individual, e assim por diante.
O Jornalista Fernando de Barros e Silva da Folha de São Paulo sintetiza em artigo muito bem a escolha de Dunga e merece uma reflexão. Confira!
Todo lider faz escolhas para chegar aos resultado que deseja. Nas escolhas, os valores envolvidos diferem entre os diferentes líderes. Fazem a opção entre mandar e delegar, ter equipe ou ter grupo, ter mais trabalho ou menos trabalho, mais o coletivo ou mais o brilho individual, e assim por diante.
O Jornalista Fernando de Barros e Silva da Folha de São Paulo sintetiza em artigo muito bem a escolha de Dunga e merece uma reflexão. Confira!
E você, o que valorizaria na escolha da sua equipe? Pense nisso!
OS SOLDADOS DE DUNGA
Por FERNANDO DE BARROS E SILVA
No lugar da aposta, o previsível; no lugar do talento, a disciplina; no lugar da alegria, o trabalho; no lugar das estrelas, os esforçados. Essa é a cara da seleção de Dunga - ele próprio previsível, disciplinado, esforçado e... aborrecido.
A convocação traduz a opção por uma equipe obreira e comportada.
Uma equipe em que não há solistas, mas carregadores de piano submetidos à batuta do maestro. Kaká, o "astro", parece menos um solista do que um músico exemplar, cuja dedicação obstinada, apesar do talento, serve de referência para os demais. Kaká representa o limite tolerável para o brilho individual num ambiente que está concebido para que ninguém brilhe, a não ser, se tudo der certo, o próprio condutor.
Essa concepção tarefeira e um tanto sisuda e triste do futebol vem acompanhada pelo discurso, muito enfatizado por Dunga, do amor à pátria, da doação ilimitada, da superação, do resgate do orgulho e da paixão de vestir a camisa da seleção.
É um discurso construído a partir da ideia de que a geração de 2006 foi derrotada porque não havia compromisso real com a seleção - muitos ali seriam "mercenários" ocupados com a própria fama.
O clamor patriótico de Dunga parece ser sincero (o que não o torna melhor), mas também soa oportunista e marqueteiro quando se sabe que ele próprio o utiliza para vender cerveja a preço de ouro numa campanha de TV em que aparece berrando bordões do tipo "eu quero raça!".
Vender a alma não é isso?
Há um jeito esclarecido, cosmopolita, de gostar do Brasil. E há um patriotismo tosco, burrinho, que costuma servir de válvula de escape para pendores autoritários e fanatismos afins. Em seus piores momentos, é esse o sentimento que o futebol mobiliza e atrai.
Há algo profundamente regressivo no espírito cívico-militar que Dunga confere à sua seleção de "soldados da pátria". Nessa guerra lúdica e imaginária, deixamos em casa algumas das nossas melhores armas: talento, alegria, genialidade. Que vençam os artistas da bola!
Folha de São paulo, 12 de maio de 2010, p.A.2.
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