Cientistas preveem ano com recorde de temperaturas

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA constatou que os primeiros meses de 2010 foram os mais quentes já observados e prevê que teremos um novo pico na média histórica talvez superando todos os registros desde 1880.

A previsão da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) para 2010 não é boa. Assim como os dois anos mais quentes na história, 1998 e 2005, este ano começou sob o forte efeito do fenômeno do El Niño e se seguir a tendência apontada por esses primeiros meses, chegaremos em dezembro com um novo ano recorde de aquecimento global.

Nesses cinco primeiros meses de 2010, temperaturas acima do normal se fizeram sentir principalmente no leste da América do Norte, Brasil, Europa e Rússia, no sul da Ásia e na África equatorial. Segundo o NOAA, o planeta está passando por seu período mais aquecido já registrado.

Além de projetar que viveremos o primeiro semestre mais quente da história, o NOAA constatou que este maio foi o mais quente já registrado, assim como também foi o outono no hemisfério sul - primavera no hemisfério norte (março ao fim de maio) -, com a mais alta média de temperaturas.

Maio esteve 0.69°C mais quente que a média registrada desde 1880. Já para o período referente ao nosso outono, a temperatura esteve 0.73°C acima do padrão. Como um todo, o ano de 2010 está 0.68°C mais aquecido que a média histórica.

O NOAA realiza relatórios periódicos sobre a temperatura global e para isso utiliza uma rede de coleta de dados que cobre praticamente todo o planeta. Dessa forma consegue construir previsões que estão entre as mais confiáveis disponíveis.

Fator Homem

Apesar de vários fatores naturais, como o já mencionado El Niño, serem fundamentais na composição da temperatura do planeta, uma parte desse aquecimento também é de nossa responsabilidade.

Um artigo publicado nesta semana no Proceedings of the National Academy of Sciences (NAS) analisou o trabalho de 1372 pesquisadores climáticos e concluiu que a noção de que as atividades humanas estão impulsionando o aquecimento global é um consenso entre a comunidade cientifica.

Para a Presidente do Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Suzana Kahn, a ação do homem deve provocar o aumento da temperatura mundial antes do previsto por especialistas. Se a emissão de dióxido de carbono (CO2) continuar na progressão atual, o planeta vai ficar 2°C mais quente em apenas 20 anos.

“Dois graus é o limite para termos alterações climáticas ainda suportáveis ou adaptáveis, baseadas nos recursos atuais de tecnologia”, alertou Suzana durante o Fórum Ambiental do XII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), no começo de junho.

A conclusão que se pode chegar é que temos que fazer tudo ao nosso alcance para frear o aquecimento global, pelo menos na parte que cabe à humanidade, mas é fundamental que os governos se preparem para ajudar às populações para as mudanças climáticas e ambientais que invariavelmente acontecerão.



Por Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil, 28/06/2010 na Revista Envolverde.

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