Demanda por álcool exigiria 15 usinas a mais em operação

Só assim seria possível segurar preços, segundo cálculo de professor da FEA/USP de Ribeirão Preto - País tem hoje apenas 4 unidades para entrar em operação neste ano; outros 5 projetos não têm previsão de data

O Brasil precisaria de ao menos 15 novas usinas produtoras exclusivamente de álcool -e já em funcionamento- para conseguir aumentar a oferta do combustível e evitar a alta histórica no preço do produto.

O cálculo - feito com base na produção de carros bicombustíveis e na oferta de etanol - é de Marcos Fava Neves, professor de planejamento da FEA/USP de Ribeirão Preto.

A realidade, porém, é outra para o setor, já que há somente quatro usinas sendo planejadas para entrar em operação ainda neste ano na região centro-sul do Brasil, de acordo com a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).

Neste mês, com as 436 usinas em operação no país, o país viu o preço do etanol disparar nos postos de combustíveis, ultrapassando a barreira dos R$ 2,80.

A Unica diz que há outros cinco projetos de usinas, mas que não é possível dizer quando sairão do papel, afirma Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade. "Em empresas fabricantes de maquinário para usina, hoje não há nenhum pedido novo de projeto, de investimento, que teria resposta daqui a três ou quatro anos", afirmou Rodrigues.

Das quatro novas usinas, três estão em Mato Grosso do Sul e uma em Goiás.

Todas iniciarão as atividades produzindo álcool hidratado - para abastecer veículos flex -, mas no futuro poderão fazer açúcar.


PERFIL DAS USINAS
Das 436 usinas listadas no Ministério da Agricultura, 301 são mistas, ou seja, fabricam etanol e açúcar - dependendo da remuneração do mercado, a cana é destinada para um ou outro.

Outras 122 usinas só fazem etanol, e 12, açúcar.

Se o mercado depender de novas usinas para ter alta na produção de etanol, a espera será longa.
Uma usina, após anunciada, precisa de ao menos três anos para ter a primeira safra, que não mói 30% da capacidade instalada, segundo o diretor da Unica. "Para atingir 100%, só na terceira ou quarta safras. O que vamos crescer até 2012 ou 2013 é fruto de completar a ociosidade dessas plantas que já operam e a volta da produtividade na média histórica", afirmou.

Rodrigues disse, no entanto, discordar da necessidade de 15 usinas para elevar a oferta de etanol.
"A alta do preço na entressafra depende de política para regular o mercado", afirmou o diretor da Unica.

Na visão de Fava Neves, porém, o ritmo lento da expansão das usinas é "a pior notícia que se pode ter" e fará com que "dificilmente" o etanol vendido nos postos volte à faixa dos R$ 1,20.



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