Dez passos para uma gestão hídrica eficiente

Arjen Hoekstra, Diretor Científico da ONG holandesa WFN, fala sobre a importância do uso consciente dos recursos hídricos

O uso sustentável da água está ligado ao entendimento das empresas em como utilizar os recursos de maneira eficiente devolvendo à natureza sem poluentes, assim como também a consciência dos consumidores em escolher produtos que tenham processos de produção transparentes e de origem sustentável.

Quem explica essa relação entre consumo, gestão e comércio de água é Arjen Hoekstra, Diretor Científico da ONG holandesa Water Footprint Network (WFN), que desenvolveu estratégias de conservação do recurso, no livro “Manual Técnico de Pegada Hídrica”.

A pegada hídrica de um produto é representada pelo volume de água doce utilizado nas diferentes etapas da cadeia produtiva, indicando quando e onde está ocorrendo o consumo, com o intuito de considerar como e quando é possível reduzi-lo.

Hoekstra aponta dez fatores essenciais para uma gestão hídrica eficiente:

1- Vontade de mudar
O uso da água atrai a atenção das pessoas e o questionamento começa a surgir e os governos precisam estabelecer leis e a iniciativa privada deve agir. Na agricultura, por exemplo, podem ser utilizadas substâncias menos nocivas para obter os mesmo resultados e gerar benefícios tanto para o meio ambiente quanto para os consumidores.

2- Pegada a pegada
A primeira etapa é entender o que a pegada hídrica significa, o quão visível é e como reduzi-la. É necessário que as empresas compreendam dediquem tempo ao assunto para estabelecer suas metas de redução.

3- Cadeia produtiva detalhada
Outro desafio é conhecer os inúmeros processos até a transformação em produto final. Aqui, falamos da somatória do uso de água em cada etapa e, com essa análise, é possível visualizar o rastro deixado no mundo. Uma camisa, por exemplo, pode utilizar 2.700 litros de água para ser produzida, de acordo com a média global.

4- Consumidores conscientes
Cerca de 95% do consumo de água está no que chamamos de pegada invisível, aquela relacionada à compra de produtos. Um indivíduo, no Brasil, gasta 3.400 litros por dia apenas por meio de suas compras no supermercado. É preciso que o consumidor saiba de onde vêm os insumos que dão origem aos seus produtos de consumo para poder fazer sua escolha de forma consciente.

5- Limitação das operações de negócios
As empresas reconhecem o risco de limitação operacional relacionado à pegada hídrica. Dessa forma, o mais importante não é avaliar apenas a pegada operacional, mas manter um olhar sobre toda a cadeia de suprimentos.

6- Atenção às oportunidades
As empresas atuantes na contabilidade da pegada de água percebem a questão como uma oportunidade. Também enxergam o risco, mas o transformam em algo positivo. Ao sair na frente, a posição no mercado é favorecida, já que a tendência é que o consumidor escolha empresas que prezem pela conservação do recurso hídrico em seus processos.

7- Fim dos paradigmas
A ideia de que a organização tem responsabilidade sobre aquilo que compra é nova. O desafio é romper com antigos paradigmas. A ampliação do ponto de vista permite um melhor conhecimento dos fornecedores e de como são utilizados seus recursos hídricos.

8- Relação consumo X impacto
A pegada hídrica faz a ligação entre o consumo que acontece em determinado lugar e o impacto do sistema hídrico de outro. Em áreas com manejo sustentável de recursos, a pegada pode ser reduzida.

9- Pró-atividade governamental
Ao contrário do que acontece na iniciativa privada, os governos precisam de mais agilidade para aumentar a consciência dos cidadãos e desenvolver ações efetivas em relação à pegada hídrica. O poder público deve definir e formular regulamentações visando à conservação do recurso e sua distribuição adequada.

10 - Padrão global
Sem uma metodologia compartilhada não é possível comparar produtos e empresas. O “Manual Técnico de Pegada Hídrica” visa equalizar a medição global.

Fonte: HSM. 20/09/2011.

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