CESTA FARTA: AVANÇOS DA FRUTICULTURA DEVIDO À IRRIGAÇÃO

Depois da queda em 2009, a produção brasileira de frutas apresentou crescimento em 2010, se comparada ao rendimento do ano anterior. Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo que ainda sejam uma estimativa, apontam safra de 43,164 milhões de toneladas, o que representa 5,17% a mais que em 2009, quando chegou a 41,041 milhões. A área plantada foi de 2,179 milhões de hectares. O resultado mantém o Brasil como terceiro maior produtor mundial, atrás apenas de China e Índia.

O presidente do Instituto Brasileiro de Frutas (IBRAF), Moacyr Saraiva Fernandes, acredita que o resultado de 2010 deva se repetir em 2011, com incremento na produção entre 4% e 5%. Um dos fatores da expansão está no aumento do consumo interno. “As frutas, junto com os vegetais, fazem parte do tripé da alimentação saudável, que inclui ainda produtos lácteos e carnes brancas”, observa Fernandes.
Além da busca por saúde, a inclusão das frutas na alimentação deve-se ao maior poder de compra dos brasileiros, consequência da baixa inflação registrada a partir do Plano Real, que teve início em 1994. “Em 2010, tivemos uma informação surpreendente – a de que a classe C consome mais do que as classes A e B. Mas engana-se quem pensa que essa parcela da população não se preocupa com a qualidade”, alerta.

O consumo no Brasil é estimado em 47 quilos por habitante ao ano. Segundo o presidente doIBRAF, a forma como o produto é apresentado faz a diferença na hora da decisão pela compra. “A dona de casa busca praticidade, então temos que facilitar”, enfatiza. Diante dessa nova realidade, cresce a procura por frutas cortadas e embaladas, processadas e por sucos e néctares.

A geografia da produção nacional também vem se modificando devido à necessidade de reduzir custos. “Novos polos estão se formando e outros estão se mudando, baseados em um critério que nunca deveria ser esquecido: a proximidade dos centros de consumo”, destaca Fernandes. O transporte, nem sempre adequado, desde os pomares até os locais de venda, acarreta, em média, 35% de perdas.
O que também começa a preocupar os fruticultores é o efeito que o aquecimento global pode ter sobre a atividade. Se as previsões alarmistas se confirmarem, em algumas décadas deve haver modificação nas áreas de plantio. O presidente do IBRAF lembra que a fruticultura é perene e isso significa que, após o plantio, as espécies levam em torno de cinco anos para começar a produzir. Ele prevê que muitas fruteiras devem se transferir para o Sul, onde haverá mais calor.

Ganhando terreno

São Paulo ainda domina a área de limão no Brasil, mas novos pomares se expandem em outros estados
EXPANSÃO São Paulo ainda detém 80% do parque produtivo de limão do Brasil. No entanto, é visível a expansão dos pomares por todo o País. Um bom exemplo vem da região norte de Minas Gerais, impulsionado pelo projeto Jaíba, que é um grande programa de irrigação na margem do rio São Francisco. Os promotores da iniciativa são a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), ligada ao Ministério da Integração Nacional, e a Fundação Rural Mineira, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais.

Os primeiros trabalhos de implantação começaram há 30 anos. Na primeira etapa foram abrangidos 19 mil hectares. A segunda fase está em consolidação, com aproximadamente 16 mil ha. A intenção, que era chegar a 100 mil ha na conclusão do projeto, passou a ser de 70 mil ha, em função das restrições impostas pelo Código Florestal. O Jaíba tem como carro-chefe a fruticultura, principalmente com banana e manga, e atualmente possui áreas com cana-de-açúcar.

Entre as frutas cultivadas no norte de Minas, o limão é uma das que mais cresce. Há sete anos foi criada a Associação dos Produtores de Limão, Manga e Outras Frutas do Jaíba (ASLIM). O presidente da entidade, Darcy da Silveira Glória, explica que houve toda uma preparação com participação em feiras e visitas a regiões produtoras. Em 2004, os associados começaram a exportar. “Saiam dois contêineres por semana”, conta Glória.

Depois de usar packing houses alugados ou emprestados, a ASLIM construiu a sua própria estrutura com câmara fria, inaugurada em junho de 2010. “Hoje sai do Jaíba seis contêineres de limão por dia para Salvador (BA) e Santos (SP)”, comemora. Os associados possuem 3 mil ha em produção, num total de 930 mil pés. Segundo Glória, a tendência é aumentar a área com limão e também as vendas externas, com a implantação de uma empresa exportadora em Jaíba, facilitando os embarques.

CALCANHAR DE AQUILES


O maior entrave da fruticultura brasileira são as perdas acarretadas pelo transporte até os mercados consumidores. O presidente do IBRAF, Moacyr Saraiva Fernandes, classifica o problema como o “calcanhar de Aquiles” do setor. Lembra que, em alguns casos, o prejuízo pode chegar a 40% da carga. “Se eu reduzisse essas perdas pela metade, não precisaria aumentar os plantios para dar sustentabilidade e suprimento à demanda brasileira, e ainda poderia continuar exportando.” Ele indica que o ideal seria que o transporte fosse feito, pelo menos, em veículos isotérmicos. No entanto, grande parte da colheita segue por grandes distâncias, em estradas esburacadas e acondicionada em embalagens impróprias. Soma-se a isso a manipulação do produtor, do atravessador, nos centros de distribuição, e, finalmente, no varejo. “Muitas vezes o produtor sai do seu pomar e chega numa ‘CEASA’ e o preço caiu.

Fonte: IBRAF e IBGE.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que a água evapora sem estar a 100° C ?

A Importância da DBO

Pivô central: história e características