Pará terá o maior porto de grãos do País
Projeto prevê movimentação de 18 milhões de toneladas por ano e mudança na distribuição da carga pelo Brasil - Com terminal de Outeiro, parte da produção que vai para Santos e Paranaguá poderá sair pelo Norte
A Companhia Docas do Pará, que controla o porto de Belém, prepara projeto que dará ao Estado o maior terminal de grãos do Brasil, com capacidade de 18 milhões de toneladas por safra.
Hoje, os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR) - as principais portas de saída do agronegócio nacional - têm capacidade de 16,8 milhões e de 14,8 milhões de toneladas, respectivamente.
O projeto do Terminal Portuário de Outeiro, que será instalado às margens da baía de Marajó, será enviado nos próximos dias para aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários.
Depois de uma grande negociação entre a Companhia Docas do Pará e instituições ligadas ao agronegócio exportador, como a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a expectativa é que os quatro terminais para grãos tenham aprovação em tempo recorde na agência.
A licitação dos projetos deve ocorrer entre o fim de 2012 e o início de 2013. A obra deve ficar pronta em 2014. O projeto é similar ao que foi desenhado para o porto de Itaqui (MA). Lá, depois de cinco anos de atraso, a administração conseguiu licitar os projetos para a construção de terminais por onde passarão 5 milhões de toneladas de grãos por ano.
Ambos os terminais - de Outeiro e de Itaqui - devem alterar a estrutura de escoamento de grãos no Brasil. "O projeto tem o poder de mudar a lógica de escoamento do agronegócio brasileiro", diz Luiz Antônio Fayet, consultor da CNA.
No Brasil, o custo da logística entre a lavoura e o porto é de US$ 85 por tonelada. Estados Unidos e Argentina têm custo de US$ 20/tonelada.
LOGÍSTICA TORTA
Sem saída pelo chamado Arco Norte (que compreende os rios Madeira e Amazonas), grandes produtores são obrigados a deslocar todos os anos milhões de toneladas de grãos para os portos do Sul.
Em 2011, dos 68,2 milhões de toneladas de soja e milho produzidas nas áreas acima do paralelo 16 (linha que está a 16 graus ao sul do Equador), 45,5 milhões de toneladas foram trazidas para o Sudeste e o Sul. Parte foi exportada por Santos e Paranaguá.
O terminal de Outeiro, cujo investimento na primeira fase deve chegar a R$ 660 milhões, pretende ser uma nova porta de exportação. Para chegar até lá, serão usados grandes comboios que vão descer o rio Tocantins.
No futuro, o corredor poderá ser maior, com as eclusas nas barragens de Lajeado, perto a Palmas (TO), e Estreito, entre o Tocantins e o Maranhão. Isso permitirá que comboios de grãos com pelo menos 20 mil toneladas (o equivalente a 540 carretas) transportem grãos do Centro-Oeste para o Norte.
Por ora, o projeto de Outeiros prevê o uso de rodovias e de hidrovias. Com o fim das obras da BR-163 no Pará (previstas para 2013), produtores de Mato Grosso poderão alcançar terminais fluviais no rio Tapajós, perto de Itaituba.
De lá, barcaças levarão a produção para o terminal de Outeiro. Navios para 60 mil toneladas sairão dali para o mercado internacional.
Fonte: AGNALDO BRITO, na Folha de São Paulo, 18 de fevereiro de 2012, p.B.4.
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