Notícias atualizadas em 23 de junho de 2013

"Nos EUA, existe um foco na realização de projetos. Aqui no Brasil, estamos mais preocupados em adquirir teorias". (Gabriel Benarrós, na Folha, 23/06/2013, Mercado - MPME, p.6).

Amanhã será a nossa 18a. aula. Esta semana que passou revisamos a primeira prova com as devidas explicações a partir da pergunta feita. Na parte de aula, nos concentramos em projetos de irrigação de parques, jardins e campos esportivos, resumidamente chamado de "landscape". A hidráulica é a mesma, o que muda é o entendimento de que a vazão deve mudar conforme a área irrigada pela emissor, mas a precipitação deve ser a mesma e assim, a perda de carga deve ser calculada trecho a trecho, exigindo mais atenção e que torna o trabalho mais trabalhoso. Na irrigação de campos esportivos, a escolha do emissor em consonância com a vazão adequada (bocal) e raio irrigado consome um bom tempo. O trabalho de casa foi terminar o lay-out da área e a colocação da tubulação que alimenta a tubulação. Catálogos diversos estão disponíveis no na aba "Atividades Acadêmicas" do canal de conteúdo da AHI e além dos livros-textos já recomendados, o de Pete MELBY vale a pena consultá-lo. Como não há novidades a serem ensinadas, fizemos apenas uma abordagem geral e foi solicitado aos alunos que relembrem os conteúdos de Hidráulica Agrícola relativos à Golpe de Ariete, escolha de mobo-bomba e NPSH. Temos a expectativa de fazer a revisão da segunda prova nesta terça-feira entre 11:30-12:30 horas na Sala de Reuniões do LHI.  
Foto enviada por Michel Siqueira diretamente da Arena Recife com a irrigação no intervalo do jogo e pode-se observar o setor de irrigação. 

Cana na região e a irrigação para subir a produtividade
Acreditamos na necessidade de se utilizar sistemas de irrigação para aumentar a produtividade média da cultura da cana e garantir a viabilidade técnica e econômica da produção. Os municípios que compõem a foz do rio Tietê, em torno de Ilha Solteira, onde a UNESP está instalada, passaram por grandes transformações na ocupação e no uso do solo e a implantação e ampliação de unidades industriais de processamento de cana foi o grande indutor desta mudança. Em 2006 encontrávamos nesta região no noroeste paulista 8.560 hectares cultivados com cana. Em 2011, utilizamos a última cena disponível do satélite Landsat e shape do Cansat, e contabilizamos 57.212 hectares cultivados, que tomaram o lugar, quase que totalmente das pastagens e em grande parte, degradadas.
Fonte: Imagem Landsat e shape do CANASAT - INPE (2011).

As produtividades médias anuais nesta região não tem se elevado, em parte devido aos problemas das chuvas irregulares e o consequente déficit hídrico. Este ano já registramos déficit de água no solo em todo o noroeste paulista variando de dois a três meses, com Itapura e Pereira Barreto liderando o "ranking" de maior déficit, e ainda, em Itapura registrando déficit hídrico em janeiro, tradicional mês chuvoso. Neste mês de junho, estamos repetindo 2011 com chuvas acima da média de 27,5 mm registrada nos últimos 10 anos, Até o momento o total de chuva na região em junho está em torno de 40 milímetros, muito abaixo das chuvas do ano passado que variaram entre 120 e 195 mm. Neste contexto, não temos dúvida da importância e necessidade de se irrigar canaviais, especialmente no noroeste paulista, que registra as maiores taxas de evapotranspiração e os maiores déficits hídricos do Estado de São Paulo, de modo a viabilizar economicamente os cultivos de cana e manutenção de elevadas produções para alimentar as usinas.
No dia 20 de junho de 2013 participamos em São Simão do 5º Encontro de 2013 do Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-açúcar (GIFC) com o tema “Plano Diretor de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar - Estudos de Caso". O GIFC é uma associação sem fins lucrativos e apolítica que reúne empresas fabricantes de produtos e subprodutos derivados da cana-de-açúcar e produtores de cana-de-açúcar, representantes das empresas e também dos produtores supracitados, além de profissionais liberais e consultores ligados à irrigação e fertirrigação de cana-de-açúcar sem vínculo com fabricantes de sistemas, peças e acessórios de irrigação e/ou fertirrigação. São dez os objetivos do GIFC, mas destacamos o de "promover, incentivar e fomentar a evolução dos conhecimentos de toda e qualquer forma de irrigação e fertirrigação de cana-de-açúcar".
A abertura da reunião foi feita pelo Presidente do GIFC , o Engenheiro Agrônomo Marco Antonio da Fonseca Viana (Usina Santa Vitória) que fez um breve relato das atividades anteriores e na seqüência a Diretora da Escola São Paulo e Minas Mônica fez a apresentação do trabalho desta obra social que visa a inclusão social de jovens e adultos através da capacitação e formação de mão de obra especializada. A expectativa é a de ampliar a oferta de cursos através de parceria com o GIFC para a atuação na formação de mão de obra qualificada para trabalhar com a irrigação e fertirrigação, desde operadores de moto-bomba até gerentes de irrigação, sendo complementada pelo Fundador da Escola, o Sr. Dilson, que informou que naquelas instalações se formam anualmente em torno de 500 pessoas. O SENAI atualmente é o principal parceiro da Escola e Reginaldo Dias de Souza - Diretor do SENAI Ribeirão Preto - explicou o trabalho realizado como treinamento a partir da receita vinda da contribuição de 1% da Folha de Pagamento das empresas e que são 91 Escolas atualmente em operação. Há o entendimento do GIFC de que há a necessidade de se formar mão de obra qualificada para trabalhar com irrigação em cana e o SENAI pode ser o parceiro nisso e ficou acertado que será apresentado uma lista das demandas específicas para a continuidade das tratativas.
Entrando na parte técnica, o competente Engenheiro Agrônomo Sérgio Antônio Veronez de Souza abriu a sua apresentação caracterizando as diversas formas de se fazer a irrigação em cana: irrigação suplementar ou plena, irrigação de salvação, irrigação para períodos críticos e fertirrigação com aplicação de vinhaça para depois discutir a fundo os Planos Diretores de Irrigação apresentando Estudos de Casos onde atuou em vários Estados brasileiros e ainda um trabalho em Angola. Enfatizou que os PAV - Plano de Aplicação de Vinhaça tem como objetivo atender a legislação ambiental que no Estado de São Paulo é regida pela Norma CETESB P 4.231 de dezembro de 2.006 que estabelece os critérios para aplicação de vinhaça e reforça a Portaria CTSA - 01 de 28 de novembro de 2005 que dispõe sobre os prazos e procedimentos para a impermeabilização de tanques de armazenamento de vinhaça e de canais mestres ou primários, já instalados (10% ao ano), de uso permanente para a distribuição da vinhaça destinada à aplicação no solo. Considerando este dispositivo legal e o custo do revestimento de canais, seus estudos econômicos mostram que é mais vantajoso trocar canais por tubulação que exigem menos manutenção e não há perda de área, ampliando os estudos e cenários para uso de caminhões-tanque para transporte de vinhaça. O Estado de MG, outro que já disciplinou a questão dos efluente tem legislação semelhante na questão da aplicação da vinhaça ao solo. Já as opções anteriores tem por objetivo aumentar a produtividade garantindo o suprimento de água à cultura.
O Tecnólogo José Luiz Gonzaga da Silva ainda sobre o tema Plano Diretor de Irrigação destacou os documentos franqueados pelo projeto Cana Pede Água e pelo GIFC, especialmente os "Como fazer um Plano Diretor de Irrigação - Manual 1 e 2", elencou as questões que carecem de resposta sobre a irrigação da cana e mostrou imagens como exemplos de canaviais em diferentes Estados que estão sendo irrigados, mas ressaltou que é fundamental ter o Plano Diretor de Irrigação como norteador dos trabalhos de implantação e expansão das áreas irrigadas e assim fazer investimentos seguros, com cronograma e mantendo uma equipe muito bem treinada. Os debates se seguirão com a intervenção da platéia e após um breve intervalo, foi a vez do Advogado José Augusto de Sousa Junior (Mata Nativa BR - Consultoria e Assessoria Ambiental) fazer a palestra "Principais alterações nas áreas de preservação permanente e de reserva legal, no novo Código Florestal", onde destacou a importância do preenchimento do CAR (Cadastro Ambiental Rural) que deveria entrar em vigor a partir de 6 de junho de 2013, mas os Governos estão tendo dificuldades de operacionalizar os sistemas, mas mesmo assim, como garantia e preservação de direitos, o produtor deve tentar fazer o preenchimento e ter em mãos algum documento que comprove esta ação. Lembrou que o CAR é um Ato Declaratório e que a averbação da reserva legal em áreas em regiões com terra mais barata é possível e está sendo praticado.
O evento reuniu em torno do tema irrigação em cana produtores e fornecedores de cana, profissionais liberais, técnicos e prestadores de serviço ligados ao setor sucro-alcooleiro e foi um momento importante para a discussão e inicio de ações que visam a quebra de paradigmas ligados ao suprimento e de água e produtividade da cana e assim, foi o nosso destaque do Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada desta semana. Ouça também os anteriores. Parabenizamos também os idealizadores do projeto Cana Pede Água e agora, o desdobramento da iniciativa, materializada no GIFC.


Clima

Irrigação - Treinamento
Cada vez mais uma exigência, o treinamento de diferentes usuários é uma fato. Desde a operação de controladores do sistema de irrigação em residências até grandes culturas. veja os exemplos dos temas abordados!

Infra estrutura - Logística - Irrigação

No nordeste a situação não é diferente e máquinas de combate à seca estão quebradas. Para ajudar no combate aos efeitos da seca, o governo incluiu municípios do sertão no chamado PAC Equipamentos, programa de compra e entrega de veículos, móveis e máquinas pesadas. O programa tem sido o principal "pacote de bondades" do Palácio do Planalto aos municípios e mote das viagens da presidente Dilma Rousseff pelo país. Mas, Prefeituras do semiárido beneficiadas pela iniciativa têm, contudo, enfrentado problemas para manter as máquinas doadas, e já existem casos de uso eleitoral dos equipamentos. São máquinas quebradas por falta de manutenção, municípios sem garagem para guardá-las e funcionários que não aprenderam a operá-las após o rápido curso ministrado pelas fabricantes. O governo prometeu a 1.415 cidades do sertão retroescavadeira, motoniveladora, carro-pipa, caminhão-caçamba e pá-carregadeira. Até agora, gastou 20% do previsto, com 1.776 máquinas para 1.361 municípios. E assim, o pacote contra seca tarda a chegar aos 10 milhões afetados. Veja os números e ações que deveriam acontecer (cisternas, agricultores e crédito)!

Mas pode ser diferente, veja a ótima reportagem mo SBT sobre o uso da irrigação, que lógico, precisa de água e assim, indústria e agroindústrias florescem, mas por favor, esqueçam as palavras do Deputado, pois a obra da transposição já teve gastos tres vezes maiores do que o anunciado e ainda não temos a água correndo. Em Israel o deserto vira verde e o canal chinês NTD mostra este milagre em Israel. Por aqui, a TV Unesp mostra soluções simples para a irrigação em pequenas propriedades.

Entretenimento
A dica de entretenimento desta semana será diferente, um papo sério! Trata-se da auto-estima, de pensar positivo! Trazemos a emocionante campanha da Dove premiada este ano no Festival de Cannes e criada pela Olgilvy e Mather Brasil, onde a auto-estima está em alta e é incentivada. Gostei demais! Outros também devem ter gostado, afinal, "é também o video de propaganda mais visto da história da internet, com mais de 163 milhões de acessos". Abaixo está a versão estendida, o comercial que foi ao ar tem apenas 3 minutos. A campanha foi traduzida para 25 línguas e lançadas em 45 canais diferentes da Dove no YouTube.

Comentários

  1. Em relação a área de cana-de-açúcar na região noroeste, conforme descrito no texto acima foram obtidas no Canasat:

    Rudorff, B.F.T.; Aguiar, D.A.; Silva, W.F.; Sugawara, L.M.; Adami, M.; Moreira, M.A. Studies on the Rapid Expansion of Sugarcane for Ethanol Production in São Paulo State (Brazil) Using Landsat Data. Remote Sens. 2010, 2, 1057-1076.
    Link para o Artigo: http://www.mdpi.com/2072-4292/2/4/1057

    Artigo para referenciar a Avaliação de qualidade dos mapas de área:
    Adami, M.; Mello, M.P.; Aguiar, D.A.; Rudorff, B.F.T.; Souza, A.F. A Web Platform Development to Perform Thematic Accuracy Assessment of Sugarcane Mapping in South-Central Brazil. Remote Sens. 2012, 4, 3201-3214. Link para o Artigo: http://www.mdpi.com/2072-4292/4/10/3201

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