Aula ONZE - Sistemas de irrigação e agricultura irrigada


Pod Irrigar - Comunicando e entendendo a agricultura irrigada e as condições climáticas
E as chuvas chegaram em fevereiro a todo o Estado de São Paulo. No noroeste paulista, com 19 dias em fevereiro registramos a média de 157 mm, o que significa que estamos com 95% do previsto historicamente e diferente de janeiro - quando na média registramos 55% do esperado - temos a convicção de que teremos mais chuva do que o histórico para a região. Mas estes números são bons? O que significam?
A UNESP Ilha Solteira mantem há onze anos o projeto PROEX "Planejamento e Gerenciamento Hidroagrícola e Ambiental" com o objetivo de disponibilizar informações sobre a agricultura irrigada e o clima permitindo o planejamento e o gerenciamento do meio ambiente e dos recursos hídricos, como por exemplo, o manejo da irrigação, ou seja, o quando e o quanto irrigar e assim ter um aumento na eficiência do uso da água.
Em um objetivo mais amplo, transformamos todos os DADOS obtidos pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira em INFORMAÇÃO, disponibilizando-os e assim, democratizando o conhecimento e as informações e ainda dando transparência nas ações.
A Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, fornece os dados atualizados a cada 5 minutos no Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira que permitem planejar e gerenciar o meio ambiente e também os recursos hídricos (através da evapotranspiração, quando se decide o quanto e o quando irrigar) e é um dos canais de comunicação baseados na Internet operados pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira, que utiliza diferentes linguagens para cumprir seu propósito de divulgar e democratizar a informação e o conhecimento. Os outros canais são o Canal da Irrigação ou de Conteúdo, o BLOG, o Canal no YouTube, a Fan Page no Facebook e ainda o IRRIGA-L Grupo de Discussão em Agricultura Irrigada, todos com manutenção e provimento de conteúdo feito pelos Bolsistas de Extensão, que tem a oportunidade de aprenderem fazendo e assim desenvolverem o conhecimento tácito. Também operamos o [Pod Irrigar], o Pod Cast da Agricultura Irrigada, este canal que o Internauta nos ouve neste momento e produzido pela ACI - UNESP.
E assim, através dos diferentes canais de comunicação, o Internauta pode receber informações e interpretá-las conforme a sua linha de interesse. E respondendo a pergunta acima, sim, para o irrigante, o total de chuvas pode dar um tempo no uso dos sistemas de irrigação, que foram muito acionados em janeiro. Já para a recomposição dos reservatórios, do lençol freático e da vazão das nascentes e dos nossos córregos e rios, esperamos que muita chuva ainda caia sobre nós! Esse foi o tema que desenvolvemos esta semana no Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada desta semana. Ouça também os anteriores

Aulas - Projeto de irrigação por aspersão
Alguns critérios de projeto hidráulico, independente do sistemas, são os mesmos e visam asseguram a uniformidade da aplicação de água dentro também de critérios definidos que não devem ultrapassar a variação em 10% da vazão ou da precipitação. Assim, em mais uma semana de aula fizemos o dimensionamento de um sistema de irrigação por aspersão convencional e enfatizamos toda a base conceitual para cálculo e critérios de dimensionamento. No Canal da Irrigação da UNESP Ilha Solteira - Atividades Acadêmicas, há um fluxograma que pode ser útil para verificar como os conceitos se entrelaçam. Entre os critérios de dimensionamento temos que a escolha do aspersor deve contemplar uma precipitação menor que a VIB ou TIB, a linha lateral deve ter uma Hf menor ou igual a 20% da pressão de serviço, a PELL deve igual a PS + 3/4 Hf + Altura da haste de subida, o recalque deve ter velocidade econômica menor ou em torno de de 2,0 m/s e a tubulação de sucção deve ser escolhida para que a velocidade seja menor ou em torno de de 1,0 m/s e deve ser de PVC soldável, flangeada ou ainda de PAD. Disponibilizamos uma apresentação de um curso que oferecemos anteriormente. Há diferentes emissores e alguns deles podem ser melhor conferidos através dos seus catálogos, que inclui os emissores para irrigação localizada (as principais empresas, os conceitos hidráulicos de cada tipo de emissor), conheceram os conceitos do sistema, alta frequência, baixa vazão e pressão, além de como as propriedades físico-hídricas do solo interferem na escolha ou manejo de cada sistema de irrigação. 

O "Manual de Irrigação" é o livro texto mais utilizado para os estudos, mas "Sistemas de Irrigação por Aspersão" de autoria do Engenheiro Agrícola Guilherme Augusto Biscaro é um livro destinado principalmente aos profissionais e interessados na área de ciências agrárias, abordando as principais características técnicas dos sistemas de irrigação por aspersão de maneira clara, prática e objetiva, propondo e resolvendo exercícios. Também são apresentados alguns métodos simples de determinação de parâmetros de campo, além de características específicas de componentes essenciais do sistema de irrigação. As perdas de carga em sistemas por aspersão são calculadas por Hazen-Williams, mas conveniente lembrar das suas limitações, a equação foi desenvolvida para cálculos com água e devemos evitar dimensionamento com a equação para diâmetros inferiores à 50 mm, quando a preferência deve recair sobre a Fórmula Universal. 

Outra preocupação que em tempos de crise hídrica não se pode negligenciar é o cálculo do NPSHdisponível e a comparação com o NPSHexigido, sendo o primeiro, uma característica da instalação do sistema de bombeamento e outro uma característica de fabricação da bomba, para verificar a possibilidade de cavitação ou do funcionamento do sistema. O cálculo da sobrepressão em caso de "manobra rápida" resulta em Golpe de Ariete que pode ser previsto e minimizado antecipadamente.

No canal do Youtube, há ótimos videos produzidos pela nossa equipe de Extensão. Confira o "Cuidados para se ter projetos adequados de irrigação", "Escolha da tarifa de energia elétrica para irrigação: estudos de caso" e "Pivô central irrigando soja". Estamos convictos que com tanto material de referência, aulas bem ilustradas em sala e em campo, somente não aprende, quem não desejar, porque são inúmeras as oportunidades adicionais além das aulas semanais. Não esqueçam de fazer as listas de exercícios! A agricultura irrigada cada vez mais reconhecida como importante e a sua presença na mídia tem aumentado e a destacamos aqui neste Blog, trazendo notícias boas de norte a sul. A TV Tem mostrou a reportagem de Pollyana Moda em que mostra como a irrigação pode garantir a produtividade aqui no noroeste paulista e é um seguro contra a falta de chuvas. "Irrigação mecanizada muda cenário da safra de grãos no noroeste paulista" foi gravada em Sud Mennucci e Pereira Barreto. Não deixe de assistir!

Recursos hídricos - Conservação e "produção" de água na bacia hidrográfica
Há muito tempo falamos dos mananciais degradados e da necessidade de proteger as nascentes e toda a área ripária. De maneira específica, na região noroeste paulista, identificamos a fragilidade da oferta hídrica na área entre os grandes lagos da região e começam a falar em nossa palestras e escrever sobre a necessidade da recomposição das matas ciliares em 2000 a partir da experiência vivida no projeto Palmeira d´Oeste, quando nossa Equipe propôs a construção de terraços, recomposição ciliar e barramentos em substituição à talvegues assoreados e degradados e tomados por Typha sp ("tabôa"), como forma de garantir a segurança hídrica necessária a ampliação da área irrigada, fundamental para o desenvolvimento sócio-econômico da região. Por três anos trabalhamos no projeto "Monitoramento dos Recursos Hídricos para Irrigação nas Microbacias dos Córregos Boi, Três Barras e Coqueiro na Bacia Hidrográfica do Rio São José dos Dourados" e estava lá a evidência das consequências da falta de conservação do solo e das matas ciliares na qualidade e disponibilidade da água nos mananciais e mais recentemente (Hernandez e Franco, 2013), no artigo "Avaliação da disponibilidade hídrica na bacia hidrográfica do Rio São José dos Dourados, no noroeste paulista" mostramos novamente a fragilidade e concluímos que "para que a expansão da área irrigada aconteça de forma sustentável, ações imediatas devem ser empreendidas no sentido de promover a maior permanência da água nas microbacias e isso deve ser feito com práticas de conservação do solo e barramento."


Nossa convicção é grande de que ações públicas devem ser conduzidas para que tenhamos a conservação dos nossos solos, a recomposição ciliar, a preservação das nascentes, a construção de barramentos de terra em especial em áreas degradadas tomadas por Typha sp e assim garantir que a água das chuvas permaneçam por mais tem na bacia hidrográfica e manifestamos esta convicção em nossos trabalhos técnicos-científicos, aqui neste Blog, no [Pod Irrigar] e por onde mais andamos.






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