Insegurança hídrica persiste - o que podemos fazer?
"As populações nordestinas que foram, e são, historicamente submetidas às secas prolongadas não puderam experimentar as benesses do desenvolvimento capitalista, também não puderam ter acesso às "maravilhas" da modernidade, a um desenvolvimento tecnológico dos mais interessantes que tivemos. A dignidade destas populações é atingida principalmente no tocante ao fato de não terem acesso a uma educação de qualidade, pois para que possam acreditar que a seca "é uma vontade de Deus" precisam ser mantidas "sub-educadas" ou analfabetizadas". (Gilbergues Santos, Cientista Político e Professor de História, Correio da Paraíba, João Pessoa, 19 de abril de 2015, p.B3)
Pod Irrigar - Situação dos grandes reservatórios de água preocupa o campo e as cidades
Saímos do período chuvoso e de maneira geral os nossos reservatórios de água para os diferentes usos, bem como as vazões dos córregos e rios não chegaram à um nível satisfatório e nenhum profissional responsável arriscaria dizer que temos segurança hídrica.
A crise 2014/2015 é de longe a maior de todas já enfrentada pela região sudeste, porque trouxe consequências para todos os setores da economia, direta ou indiretamente. Em 2001 a crise por água atingiu o setor energético, a de 2004 foi restrita ao abastecimento de água à população de algumas cidades, enquanto que a que vivemos atualmente é generalizada, o que inclui os irrigantes. Sistemas robustos, como o Cantareira, ao completar 40 anos, mostrou sua fragilidade, o mesmo acontecendo com os reservatórios das hidrelétricas, como por exemplo, o de Ilha Solteira, que chegou a baixar 9,27 metros, ante aos 4,28 metros observados em 2001, ano em que começamos o ano com o rio Paraná na cota 324,52 metros e em 2015, iniciamos na cota 320 metros, ou seja, precisamos de muita água ainda para se ter a segurança hídrica e setores como a agricultura irrigada e aquicultura ainda sofrem com a situação.
Na outra extremidade do Estado de São Paulo, a situação é análoga, mudando os atores, o uso múltiplo da água se dá entre as demandas do setor urbano (população e indústrias) e produtores de alimentos, notadamente, os produtores de hortaliças, da região do Cantareira e do Alto Tietê.
Ações imediatistas são absolutamente necessárias para a situação de crise e tem ocupado o maior dos espaços na mídia quando se trata da crise hídrica, relevando à segundo plano o planejamento e as ações que se iniciadas agora, começarão a apresentar resultados efetivos no médio e longo prazo, quando trarão de fato a segurança hídrica desejada.
Estas ações devem ter atenção, esclarecimentos, entendimento e cobrança aos envolvidos com o uso da água de forma mais efetiva para que não tenhamos num futuro tão breve, que voltar a falar que a recomposição das matas ciliares, a conservação do solo, o combate ao desperdício em todos os níveis, o uso racional da água e o armazenamento da água da chuva nas bacias hidrográficas, são ações urgentes e que devem ser implementadas em todos os locais onde se tem água, solo e pessoas! Esse foi o tema que desenvolvemos esta semana no Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada desta semana. Ouça também os anteriores.
XVII SBSR - Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto
A Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira finaliza seus preparativos para participar do XVII SBSR - Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Os Orientados Daniel Noe Coaguila Nuñez, Emanoele Caroline Amendola e Isabela Baesso Américo, além deste Professor estarão apresentando trabalhos técnicos-científicos realizados na região noroeste paulista. A preparação dos artigos e a participação no Simpósio cumpre aos propósitos de treinar nossos Orientados em técnicas modernas de avaliação do uso da água e do conforto térmico utilizando sensoriamento remoto, SIG e variáveis agrometeorológicas obtidas em estações agrometeorológicas, redação científica com discussão dos resultados, defesa do trabalho junto à um público ampliado e intercâmbio de informações através da ampliação da rede de contatos ou networking. Os trabalhos na íntegra já estão disponíveis para conhecimento prévio e tem os seguintes títulos: Uso do satélite Landsat 8 na determinação da produtividade da água em bacia hidrográfica com predomínio do uso agrícola da cana-de-açúcar, Aplicação do algoritmo SAFER na determinação da evapotranspiração em condições de sazonalidade climática no noroeste paulista, Variabilidade espacial da temperatura superficial de ecossistemas sensíveis, Controle do albedo como estratégia de preservação ambiental em escala de microbacia hidrográfica através de práticas de sensoriamento remoto, Conforto térmico em três municípios da região noroeste paulista, Eficiência no uso da água da vegetação na microbacia hidrográfica do córrego Cabeceira Comprida e Avaliação temporal e espacial do balanço de energia na microbacia do córrego do Ipê, no município de Ilha Solteira face a mudança de uso do solo. Nossos parceiros da EMBRAPA Monitoramento por Satélite Antonio Heriberto de Castro Teixeira, Janice Leivas e Ricardo Andrade também estarão presentes com os artigos Determinação da evapotranspiração através de imagens de satélites de diferentes resoluções com e sem a banda termal e Indicadores hídricos para a cultura da cana-de-açúcar obtidos com imagens MODIS e dados agrometeorológicos no Estado de São Paulo.
Crise hídrica e seca
Estamos de férias, mas continuamos a escrever semanalmente. No voo entre Campina Grande e João Pessoa o contraste é marcante. Em menos de 120 km temos os solos cobertos por tonalidades bem diferentes, do seco ao verde, a situação no Estado da Paraíba é grave e o Correio da Paraíba na matéria de capa de 19/04/2015 "A humilhação que a seca impõe" informa que em 33 cidades, 20 litros é a cota diária de água por pessoa. "Sem uma gota de dignidade" prossegue a matéria que conta que passar mais de uma semana sem lavar cabelo e reutilizar a pouca água servida é a realidade vivida por 276.935 pessoas que sobrevivem apenas do que é disponibilizado em carros-pipa.
No Jornal Nacional, em plena crise da água ligações clandestinas de alguns afetam toda comunidade. Em Monte Azul Paulista, a água é motivo de polêmica e poços estariam levando água contaminada com nitrato para o aquífero mais profundo e a exploração sem controle dos poços artesianos pode piorar crise hídrica, na região metropolitana de São Paulo, bem mais pobre em água subterrânea, a crise hídrica só fez aumentar a procura por poços e Alagoas produtores começam a alugar água para evitar que gado morra de sede. Saiba porque a classificação de rios é essencial para qualidade da água consumida pela população. E ainda, lamentavelmente, de toda a água tratada no Brasil, 30% se perdem no caminho.
E no Ceará, a situação também é crítica como se percebe nas fotos do reservatório do Banabuiú, que tem menos de 2% de água armazenada.
Fotos cedidas pelo Professor Jardel Paixão.
20a. Reunião do GIFC - Grupo de Irrigação e Fertirrigação em Cana
A Usina Cerradinho Bioenergia em Chapadão do Céu - GO, realizou ontem com sucesso a 20a. Reunião do GIFC com o tema "MANEJO DE CANAVIAIS IRRIGADOS". Na programação: "Cenário macroeconômico e perspectivas do setor sucroenergético" Marco Viana e Patrick Francino Campos - GIFC), "Ambientes de produção de cana de açúcar e a necessidade de irrigação" (André Vitti - IAC), "Gestão e monitoramento em fertirrigação com vinhaça e águas residuárias" (Enalta), "Produção de cana de açúcar de alta produtividade" (Cerradinho Bioenergia), "Fertirrigação na Cerradinho Bioenergia" (Cerradinho Bioenergia), "Resultados dos experimentos do GIFC no Pontal do Triângulo Mineiro" (Sérgio Veronez) e visitas ao campo nas Fazendas Ancora, Triângulo de Prata e Querencia com as estações "Viveiro de variedades e muda sadia" (Basf), "Hidro roll", "Pivô e fertirrigação", "Casa de bombeamento e estrutura de tanques" e Projeto GIFC, alas móveis e variedades". Mais uma iniciativa com o objetivo de mostrar como o investimento em irrigação em cana vale a pena. Esta reunião teve a Coordenação de Ivan Oliveira e Equipe e recebam os parabéns! Mais sobre irrigação em cana, acesse o sítio do GIFC.
Marcos Fava no artigo "A crise fabricada da cana" explica a crise no setor sucroenergético. Escreve e alerta que com toda a crise que o setor vem enfrentando, o país perde em arrecadação de impostos atuais e potenciais, e principalmente desperdiça o potencial de geração de empregos e de geração e distribuição de renda com novas usinas. Passou-se por uma perda de 60 mil empregos diretos nos últimos dois anos no setor produtivo; nesse ano, 44 usinas fecharam na região Centro-Sul do país. Está se destruindo o setor de bens de capital na área, líder mundial em tecnologia. Em Sertãozinho (SP), uma das áreas mais importantes em metalurgia para o setor sucroenergético, em 2007 havia 15 mil metalúrgicos, com potencial para 20 mil, e hoje não passam de 10 mil metalúrgicos. Energia é poder, soberania e imagem internacional, e a perda desses fatores pela sociedade é resultante de equivocadas políticas governamentais na área de energia. Para salvar o setor sucroenergético, retornando seus benefícios à sociedade, tem-se de partir para outra agenda, já conhecida há seis anos pelo menos, mas parcialmente ignorada pelo governo brasileiro, que, neste caso da cana, demonstra uma cegueira “como nunca antes vista na história deste país”.
UF Viçosa - Concurso e Inovação na eficiência do uso da água
A Universidade Federal de Viçosa está com inscrições abertas para Professor nas Áreas de Recursos Hídricos / Irrigação e Drenagem. Veja detalhes!
UF Viçosa - Concurso e Inovação na eficiência do uso da água
A Universidade Federal de Viçosa está com inscrições abertas para Professor nas Áreas de Recursos Hídricos / Irrigação e Drenagem. Veja detalhes!
Infra estrutura e energia
Governo estuda como acelerar o investimento em infraestrutura. Já existe o Programa de Investimento em Logística, lançado em 2012. Muitas ferrovias e trechos rodoviários passam por estudo de privatização. Sobre as ferrovias inacabadas veja a reportagem do Jornal da Globo. O governo brasileiro planeja lançar em maio um novo programa de concessões para investimentos em infraestrutura, afirmou no dia 18 de abril de 2015 o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Nosso plano é, nas próximas semanas e meses, apresentar uma visão global de áreas que estarão disponíveis para concessões", afirmou a jornalistas o ministro. "É claro que precisamos de algum tempo, porque para preparar esse projeto leva tempo, alguns já estão mais avançados, outros menos, para que as pessoas possam ter uma visão geral. Acho que até maio devemos ter isso feito."
Governo lança plano para pagar R$ 1,4 mil pelo MWh do diesel e R$ 388 pelo MWh da biomassa. De acordo com JornalCana, o governo federal lançou plano para adquirir a eletricidade de consumidores livres cativos, como shopping-centers e hospitais, produzida fora do horário de ponta, ou seja antes das 6h e após as 18h. Esse plano está em Audiência Pública em vigor até o dia 27 de março pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A questão está nos valores que a Aneel propõe pela compra dessa energia fora do horário de ponta. Pelo megawatt-hora (MWh) de quem usa óleo diesel como matéria-prima o governo pretende pagar R$ 1,4 mil. O valor cai para R$ 792,49 no caso do MWh gerado por gás. E cai ainda mais para R$ 388,48 se o MWh for feito por biomassa, como bagaço e palha de cana-de-açúcar. Os R$ 388,48 refletem o teto do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), estipulado pela Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE) do governo. A maioria dos geradores de grandes consumidores de energia é movida a óleo diesel, daí a oferta considerada mais atraente pela compra do MWh movido por essa matéria-prima. O JornalCana questiona por que o governo não prioriza a geração por biomassa? “Esta é uma atitude de desespero do governo, de tentar colocar na rede de imediato o máximo de MW que conseguir e denota-se novamente a não inclinação deste governo em favor da biomassa, que é uma fonte natural de energia renovável que temos no setor e na própria natureza que nos circunda”, diz o engenheiro Humberto Vaz Russi, da Aliança Engenheiros Associados.
Ilha Solteira - 5a. melhor cidade para se viver
Excelente matéria, a melhor matéria sobre a crise hídrica já lida. Parabéns!
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