Aula DEZ e os sistemas de irrigação disponíveis


Pod Irrigar - UNESP estará representada no II Seminário de Agricultura Irrigada
Em todas as oportunidades que dispomos temos mostrado as diferenças entre as crises hídricas de 2001 e 2014, evidenciando a maior gravidade da atual, tanto no trato político da mesma - ambas tiveram seu ápice em plena disputa eleitoral -, como no número de setores e população atingida. Temos defendido ações concretas tanto no âmbito da mitigação da crise, como em ações para que tenhamos no médio e longo prazo a tão desejada segurança hídrica. Neste contexto um certeza: esclarecimentos, convencimento, capacitação são armas muito poderosas para que tenhamos o uso racional e eficiente da água.
Neste contexto, Itapetininga sediará em 29 de julho de 2015 um importante evento em uma região em que a expansão da agricultura irrigada promoveu nos últimos 10-15 anos uma verdadeira revolução em termos de distribuição de renda e desenvolvimento sócio-econômico.
O II Seminário de Agricultura Irrigada reunirá todos os atores envolvidos com o uso da água no Estado de São Paulo e no Brasil: representantes do DAEE, da CETESB, da CATI, do IAC, da SENIR, da FEBRAPDP e das universidades públicas paulistas se reunirão para debater o uso eficiente da água e seu papel no desenvolvimento de regiões e na oferta de alimentos à população.
Estaremos presentes! Iniciaremos mostrando a diferença entre as crises de 2001 e 2014 e depois seguiremos mostrando como o trabalho da UNESP auxilia irrigantes à usar melhor sua água e tirar melhores resultados dos seus equipamentos de irrigação. Para os grandes irrigantes´que já contam com equipamentos modernos e bem projetados defenderei a ampliação do uso das informações climáticas através da estimativa da evapotranspiração, a escolha adequada de coeficientes e a avaliação de desempenho do manejo praticado. Mostrarei que não basta basta equipamentos modernos e eficientes. Precisamos de treinamento e Engenheiros Agrônomos capacitados. Também mostraremos a nova metodologia desenvolvida em parceria com a Embrapa para estimativa do coeficiente de cultura baseada nos Graus-Dias das culturas, onde tiramos o empirismo e aumentamos precisão da estimativa.
Para os pequenos irrigantes, os desafios são ainda maiores: a conversão dos aspersores para baixa precipitação e baixa pressão é necessária, mas esbarra em valores culturais. Além da implantação de manejo da irrigação, via solo, ou atmosfera, mas precisa ser feita.
Mostraremos também nossos trabalhos de capacitação e comunicação de modo a embasar diferentes usuários da água em diferentes níveis técnicos. Dia 29 de julho, na Câmara Municipal de Itapetininga. Este foi o tema do Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada desta semana. Ouça também os anteriores


Agenda - Próximas palestras
Nesta semana - dia 22 de julho às 19:00 horas na sala D1 no Prédio Central da UNESP - participaremos do I Debate Sobre a Crise Hídrica. Conosco, os Professores Carlos Canesin (Engenharia Elétrica) e Jefferson Nascimento (Engenharia Civil). Será uma ótima oportunidade para os presentes conhecerem visões que poderão ser distintas para o mesmo problema.




Métodos e Sistemas de irrigação
Mas nas aulas reforçamos as condições ideais para se ter ou usar um sistema de irrigação, mas quais são os métodos e sistemas de irrigação existentes, como eles funcionam e quais os sistemas mais usados e em quais culturas? Os métodos de irrigação se classificam de acordo com a maneira com que a água chega até as raízes e assim, os principais métodos de irrigação são: superfície, aspersão e localizada. Entre os métodos há as variações, que chamamos de sistemas de irrigação. No noroeste paulista, por exemplo, os sistemas mais utilizados pelos nossos irrigantes são os de aspersão convencional e aspersão em faixa para irrigar pastagem e hortaliças, o pivô central é o preferido para irrigação de feijão, milho e soja em grandes áreas e o carretel enrolador é também utilizado em cereais e oleaginosas, mas principalmente para aplicação de efluentes agroindustriais em áreas cultivadas com cana ou citros. Os sistemas de irrigação por microaspersão são muito utilizados em citros, videiras e demais fruteiras perenes e os sistemas por gotejamento irrigam seringueira, citros, abacaxi, hortaliças de frutos e fruteiras em geral. Algumas regiões brasileiras em função de cultivos predominantes se destacam pelo maior uso de um ou outro sistema, assim, na região de Paranapanema em São Paulo se destaca o pivô central, que também se sobressai em Cristalina - GO. No Triângulo Mineiro, na região de Colatina - ES, com cafezais, bem como o Polo de Petrolina - PE / Juazeiro BA com produção de hortaliças e frutas, é a irrigação localizada que predomina, enquanto que a produção de arroz no Rio Grande do Sul faz com que a irrigação por inundação seja destaque naquele Estado.
Cebola sendo irrigada por gotejamento, mas a irrigação por sulco garante a água para a limpeza das mãos no transplantio

Canal abastece os sifões que transportam a água até os sulcos de irrigação.

Também discutimos os sistemas de irrigação por aspersão tipo convencional (incluindo em malha e em faixa utilizados principalmente para pastagem e cafezais e ainda sobre a irrigação de parques, jardins e campos esportivos), carretel enrolador, pivô central e deslocamento linear, com sua vantagens e limitações. Destacamos recalque, adutora, linha principal, linha secundária, linha lateral, aspersores, "bengala", difusores, "sprays", reguladores de pressão, torre, vão livre, altura do pivô, LEPA, velocidade de infiltração, TIB, precipitação x vazão em aspersão convencional e em pivô central, velocidade de deslocamento x precipitação, CAD e a influência e importância das características físico-hídricas do solo sobre os métodos de superfície e aspersão. Confiram os emissores da Nelson e da Senninger que equipam a maioria dos pivôs centrais no Brasil. Assista também "Irrigação localizada em diferentes culturas e solos" com pontos importantes na definição de projetos e "Sistema de irrigação usado em goiaba inadequadamente", com exemplo também de um sistema que poderia ter sido melhor instalado.

 
Na aspersão sempre haverá a necessidade de sobreposição dos jatos como ilustrado em um sistema convencional, nas fotos acima e abaixo.


Em relação aos sistemas de irrigação, reforçamos novamente a ideia de que não há o melhor sistema e sim aquele que mais se adapta às condições locais de solo, clima, cultura, disponibilidade financeira e qualificação da mão de obra. Citamos o exemplo do trabalho de Jack Keller (1), que depois de se aposentar na Utah State University, aos 84 anos ainda trabalhava na Keller-Bliesner Enginnering, onde desenvolveu projetos de fabricação de emissores na Índia para uso em países da Africa, em pequenas propriedades, um projeto financiado pela Fundação Bill e Melinda Gates e estivemos na empresa para conhecer este trabalho e outros em cooperação com a ONG WinRock Water também foram objetos de nossas conversas. Jack Keller nos convidou para visitar sua casa onde conhecemos os emissores desenvolvidos por ele, mas mesmo com um grande quintal, não pudemos conhecer o sistema de irrigação, porque já tínhamos 30 ou mais centímetros de neve acima do solo. Este trabalho de desenvolvimento e fabricação de emissores de baixo custo foi mostrado também no Inovagri Meeting 2012 pelo próprio Keller (12) na palestra "Holistic Pressurized Irrigation Development". Jack Keller faleceu em outubro de 2013 quando voltava de mais um trabalho na América Central. Richard Allen durante o II Inovagri Internation Meeting em Fortaleza rendeu homenagens e escreveu sobre Jack: "We miss you… We learned much from you… We now know how to think more clearly about problems and solutions and decompose difficult problems and systems into more simple components for solving... We now know how to enjoy our profession" (slide 4).

Carretel enrolador, sistema que incorpora movimentação própria através de uma turbina hidráulica.

O livro "Goiaba: do plantio à comercialização" (ISSN 2236-028X) com o capítulo "Sistemas e Manejo de Irrigação na cultura da goiaba" de nossa autoria e do Engenheiro Agrônomo Aloísio Costa Sampaio, também da UNESP está disponível e serve de exemplo de seleção de sistemas para um cultura e condições específicas. É ilustrados com detalhadas imagens. José Maria Pinto escreve o artigo "Cultivo da Cebola  no Nordeste" onde mostra como usar os diferentes sistemas de irrigação.

Pivô central que incorpora grande tecnologia embarcada podendo ser controlado remotamente.


Pivô central que além de incorporar grande tecnologia embarcada pode trabalhar em topografia acentuada.

Nas aulas da semana analisamos cada característica acima e como afetam o desempenho dos sistemas de irrigação, os cultivos e o homem. Também vimos as estruturas de filtragem que compõem um cabeçal de controle, um reservatório intermediário ou ainda um canal de decantação. Utilizamos na aula prática um módulo completo de filtragem, composto por filtros hidrociclônico, de areia e de discos ou malhas como elemento filtrante. Também conhecemos os elementos que compõem o bombeamento, ou seja, o crivo, a válvula de pé, o mangote, vacuômetro, registro de gaveta, manômetro, tubulação de PVC e suas conexões e por fim o tubo de subida (com válvula) e o aspersor. Assim, conhecemos qual a função de cada elemento filtrante, a ordem em que devem ser instalados e ainda entendemos e praticamos a limpeza dos filtros de areia, prática chamada de retrolavagem, que foi registrada em vídeo no semestre anterior e mostra os nossos alunos "quebrando a cabeça" para acertar quais registros devem ser abertos e/ou fechados. Neste semestre o registro foi apenas fotográfico.







O por do sol no Campus II sempre oferece um espetáculo que vale a pena ser conferido. Em frente ao LHI se tem a imagem do sol se pondo sobre o rio Paraná.




A estação chuvosa traz a água tão necessária à vida, mas também em muitos locais deixa mais erosão e assoreamento, e uma coisa é certa, se desejamos contar com abundância de água e de qualidade, devemos nos preocupar mais com a conservação do solo, realizando em vários níveis, ações para protegê-lo. Consulte também ANA (2005), AYERS e WESTCOT (1985), CARVALHO et al (2000) e CRUCIANI (1980). Veja a ilustração das fontes difusas de contaminação da água (1), dos aquíferos confinados e das recargas dos mananciais e intrusão salina.

Publicamos vários artigos sobre o monitoramento da qualidade da água e a vazão em bacias hidrográficas de interesse sócio-econômico no noroeste paulista são: Uso do solo e monitoramento dos recursos hídricos no córrego do Ipê, Ilha Solteira (SP), Qualidade de água na microbacia do Coqueiro no noroeste do Estado de São Paulo, Qualidade da água para uso em Irrigação na Microbacia do Córrego do Cinturão Verde, Município de Ilha Solteira, Análise dos Riscos à Sistemas de Irrigação causados pela qualidade da água do Córrego do Coqueiro, Influência da precipitação na qualidade da água para fins de irrigação na microbacia do córrego do Ipê em Ilha Solteira e Influência do uso e ocupação do solo na qualidade de água para fins de irrigação no Córrego do Ipê, noroeste do Estado de São Paulo. Confira esses e outros artigos publicados pela AHI, que monitora microbacias de importância sócio-econômica no noroeste paulista, como a do Cinturão Verde, do Ipê, do Boi, do Três Barras e do Coqueiro. Confira também mais um exemplo de monitoramento da água, neste caso no rio Acaraú, em Ubatuba.

Usamos como exemplo pela busca da água em outras regiões e com isso viabilizar o desenvolvimento de toda uma região - além de mostrar o grau de excelência da engenharia brasileira - o Projeto Olmos no Peru, que além da transposição do Rio Huancabamba, contemplará a irrigação de uma área de 43,5 mil hectares e a construção de duas centrais hidrelétricas destinadas à geração de energia para abastecimento das terras irrigadas. "O túnel que foi construído Olmos talvez seja o espaço mais competitivo do Peru para levar a cabo uma agricultura de excelência. Pode parecer exagerado, mas é um dos poucos lugares no planeta onde, literalmente, pode-se cultivar de tudo”, diz o Engenheiro Agrônomo Fernando Cillóniz. Naquele pedaço de terra, situado nas proximidades da Cordilheira dos Andes, mais precisamente na região de Lambayeque, a 900 km de Lima, o solo é fértil, há incidência solar ao longo de todo o ano e a baixa umidade relativa ajuda a manter a ameaça de pragas distante. A produção de alimentos tem todos os recursos para se tornar o principal motor do desenvolvimento de uma das regiões mais necessitadas do Peru. Na verdade, quase todos. Falta a água. Apesar das condições favoráveis para a agricultura, o Vale do Olmos está situado em uma região desértica, onde não chove mais que 215 mm por ano, em média. O rio mais próximo, o Huancabamba, esbarra na geografia dos Andes, limitando seu curso à vertente Atlântica da cadeia de montanhas, exatamente no lado oposto. O desafio da irrigação em Lambayeque passa pela construção de um túnel de 20 km de extensão e 5,3 m de diâmetro, através da instável geologia dos Andes, por onde se pretende transportar, de uma vertente à outra, mais de 400 milhões de m3 de água por ano. A construção do túnel é uma das mais complexas obras de engenharia em execução no mundo, dadas a sua profundidade, que chega a 2 mil metros abaixo da superfície da montanha, e as características geológicas da Cordilheira dos Andes. A execução desta complexa obra pela Odebrecht repercutiu positivamente na imprensa (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 - Banco Mundial) e abriu portas para a execução de outras obras pela empresa. Assista o video sobre o projeto Olmos e o que se espera desta terra no futuro.

Em "Atividades Acadêmicas" há Catálogos Técnicos a disposição para o melhor entendimento deste assunto. Também há a aula prática com registro fotográfico e os dados coletados em campo, além de videos no Canal da AHI no YouTube sobre sistemas localizados, incluindo um feito na Itália. Na Fan Page da AHI no Facebook também registramos alguns momentos das nossas aulas, bem como em nosso álbum Aulas Práticas no Facebook. Os materiais disponibilizado pelos Professores José Antonio Frizzone, Luiz Antonio Lima (A, B), Rodrigo Otávio Rodrigues de Melo Souza, Roberto Testezlaf e Valber Mendes Ferreira são muito didáticos e ilustrativos, mas há vários livros na Biblioteca já elencados em aulas.

Agricultura Irrigada - Recursos Hídricos




Dá para produzir o ano todo na pequena propriedade? Sim, é possível. Conheça o exemplo deste agricultor de Mirandópolis.




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