Aula CINCO - Por que irrigar e muito mais


Pod Irrigar e o XXV CONIRD

Aulas
Nas nossas aulas da semana que passou continuamos a discussão sobre onde a irrigação se faz necessária, desde a interpretação do balanço hídrico, que dirá se a irrigação é absolutamente necessária ou apenas uma segurança da produção. Discutimos o balanço hídrico exemplificando o noroeste paulista, regiões como Goiás, regiões semi-áridas, como o nordeste e ainda regiões áridas pelo mundo e mostramos as diferenças entre a captação de água na propriedade ("on farm") e sistemas coletivos de irrigação, chamados de Perímetros ou Distritos de Irrigação, como o São João em Tocantins. Aprendemos a diferença entre irrigação "on farm", onde apenas critérios econômicos são levados em conta e quando pensamos em desenvolvimento regional com o uso da água, onde critérios econômicos se associam à estudos de solos, disponibilidade de mão de obra, clima, análise de mercado regional, rede de escoamento da produção (rede aero, ferro, rodoviário e também pluvial e marítima da região) e que critérios sociais também são levados em consideração. Soubemos que a maior obra do Brasil atualmente é a transposição do Rio São Francisco, que se faz sobre uma grande controvérsia técnica, ambiental e financeira e frequentemente está na mídia, infelizmente muito mais pelos seus feitos negativos do que pelos positivos que pode representar (12infográfico). "A esperança para que o tempo se faça bonito - 19 de março é dia de renovar a esperança de que o ano não será de mais seca. A espera de muitos dos que dependem da chuva para as sementes brotarem é de enxada na mão, na confiança de que a água não tardará" é uma matéria ilustrativa de quem realmente precisa de água. Sob pivô central, os principais Estados que se utilizam desta tecnologia são Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo. 


Demos alguns exemplos e outros dois exemplos simples do uso do balanço hídrico para gestão ambiental: Marinópolis e Palmas no TocantinsO Baixo Acaraú no Ceará é um ótimo exemplo de Perímetro ou Distrito de Irrigação, conheça-oVeja a visita que fizemos a convite do Instituto Inovagri e também assista o vídeo com o depoimento do produtor "Doca"

Vamos conhecer um Distrito de Irrigação nos Estados Unidos? Situado no sul da California, com restrição na oferta de água, com um solo extremamente arenoso e com problemas de salinidade, o The Coachella Valley Resource Conservation District (CVRCD) promove a conservação e o uso adequado da água como ferramenta para a continuidade do desenvolvimento sócio-econômico do Coachella Valley, que circunda n parte norte do Salton Sea. Veja fotos, vídeos (1 e 2) e estratégias, que inclui o Laboratório Móvel para Avaliação e Manejo da Irrigação (Irrigation Evaluation/Management - Mobile Lab). Veja também o uso da água para agricultura no Coachella Valley. Mas o Coachella é alimentado pelo All American Canal, um aqueduto de 130 km de comprimento aqueduto, localizada no sudeste da Califórnia, que leva a água do rio Colorado até o Vale Imperial e nove cidades, sendo a única fonte de água da região e substituiu o Canal Alamo, que foi localizado em sua maior parte no México. A Imperial Dam (1), cerca de 48 km a nordeste de Yuma, Arizona, no rio Colorado, desvia a água para o All American Canal, que vai até a oeste de Calexico, Califórnia, antes de seu último ramo seguir principalmente para o norte do Vale Imperial. Seis ramificações/canais menores saem do All American Canal para levar água para o Vale Imperial que tem no Imperial Irrigation District o distribuidor de água para toda a região, que irriga 250.000 hectares de terra de alta produtividade e possibilitou um grande aumento de rendimento das culturas nesta área, originalmente uma das regiões mais secas da Terra. É o maior canal de irrigação no mundo, transportando até 740,6 m3/sToda a água de drenagem agrícola e de escoamento superficial deságua no Salton Sea, uma área federal de refúgio da vida selvagem, criada por uma enchente em 1905, com água do rio Colorado corria para a área através do Alamo Canal, construído a partir de 1900. O All American Canal corre paralelo à fronteira com a Califórnia do México por vários quilômetros, pelo fato de que mais de 500 pessoas terem se afogado no canal desde 1997, tem sido chamado de "o corpo de água mais perigoso dos Estados Unidos" e foi autorizada a sua construção junto com a Hoover Dam pelo Boulder Canyon Project Act em 1928 e construído em 1930 U.S Bureau of Reclamation e Six Companies Inc, tendo a sua concepção e construção sido supervisionada pelo Engenheiro John L. Savage e foi concluída em 1942. Tivemos o privilégio de conhecer toda esta estrutura de transporte de água e de produção agrícola em dezembro de 2010 na companhia do Engenheiro Agrônomo Sócrates Gonzales, do Imperial Irrigation District e detalhes desta viagem que começou em Phoenix, no Arizona, estão descritos neste blog e também registrados em videos no canal da AHI no YouTube (12).

Também discutimos a legislação dos recursos hídricos (Lei 9.433 de 8/01/1997 - Lei das Águas e a Lei 12.787 de 11 de janeiro de 2013 - Política Nacional de Irrigação que destacamos em artigos publicados na imprensa e também no Pod Irrigar), com seus princípios, objetivos e instrumentos. Introduzimos os conceitos de bacia hidrográfica delimitada pelo divisor de águas e tendo o talvegue como canal de escoamento ladeado pela APP e a importância da reserva legal e de ações que promovam a infiltração da água e o escoamento de base em detrimento do escoamento superficial, que vai causar erosão e assoreamento e ainda afetar a qualidade e a disponibilidade de água, especialmente elevando a concentração de ferro, principal problema para a irrigação localizada. A questão ambiental às vezes se torna um entrave e agentes públicos tem ainda que conversar para viabilizar uma agenda de consenso na regularização ambiental.

As propriedades físico-hídricas dos solos foram discutidas quando o conceito de balanço hídrico foi introduzido e assim os efeitos da granulometria do solo (textura) sobre a CAD, Capacidade de Campo, Ponto de Murchamento Permanente, Saturação, evapotranspiração de referência, potencial e atual foram exemplificados. Para relembrar conceitos e as propriedades físico-hídricas dos solos e exercícios consulte PREVEDELLO, C.L. (1996), REICHARDT, K. (1987) e REICHARDT, K. e TIMM, L.C. (2004). E o resultado do balanço hídrico que caracteriza numericamente uma seca foi exemplificado com situações e ações no nordeste e no Rio Grande do Sul, incluindo o bom exemplo da agricultura irrigada e seus resultados. O Professor Paulo Cesar Sentelhas da ESALQ-USP desenvolveu uma série de planilhas interessantes para se fazer o balanço hídrico. Ou se preferir faça o download no canal da AHI! Mas conheça também o Banco de Dados Climáticos do Brasil - EMBRAPA! Sobre evapotranspiração, Yane Freitas fez um didática postagem. Confira!


Recursos Hídricos, Clima, Agricultura irrigada e Mapas
AGRITEMPO compila as informações climáticas de todo o Brasil e também por Estado. Veja as condições atuais do armazenamento de água no solo no Estado de São Paulo, que traz também o mapa da necessidade de irrigação e o mapa da estiagemConheça os dados do Observatório do tempo e das condições para irrigar. O Forum Agricultura Irrigada apresenta dos mapas interessantes, o da Concentração da Área Irrigada nos Municípios Brasileiros e a Distribuição da Área Irrigada nos Municípios Brasileiros (1).

O trabalho "Clima do Estado de São Paulo" de Marcello Martinelli traz vários mapas e explicações interessantes sobre o nosso Estado. Já escrevemos "Tão quente, tão úmido, tão seco: construindo a resiliência dos agro-sistemas" e ainda uma equipe da NASA foi para o Estado de Iowa para estudar as chuvas e inundações no centro-oeste americano e voltaram com uma grande quantidade de dados que eles usam para melhorar a forma como eles medir a precipitação a partir do espaço e como eles usam esses dados para prever enchentes. Mas a agricultura irrigada muda vidas no nordeste com geração de emprego e renda, veja como!

E o IBGE disponibiliza novos mapas de cobertura e uso da terra dos Estados do Rio Grande do Sul e do Amazonas, em escala 1:250.000, além do Mapa Mural de Uso da Terra do Brasil, na escala 1:5.000.000.Os mapas estaduais, que resultaram da interpretação de imagens de satélite, com o apoio de trabalho de campo e de documentos de referência, apresentam ampla gama de classificação; o mapa do Brasil, de características predominantemente agropecuárias, possibilita um retrato mais abrangente do censo agropecuário de 1996 e oferece ao usuário a oportunidade de comparar tipologias de uso com produtos mais recentes.

Mapa quantifica pela primeira vez água escondida debaixo da terra no mundo.


Temos insistido já há alguns anos na necessidade de recuperar nossos mananciais, protegendo as nascentes e conservando os solos de modo a promover a infiltração da água e a recarga dos lençol freático e diminuindo a diferença entre as vazões máximas e mínimas. O Físico Daniel Pereira publicou uma matéria com este conteúdo, mas com grande destaque para as ilustrações. Vale a pena conferir! E a FAO diz que o futuro das nossas matas na América Latina e Caribe dependerá do manejo sustentável, ponto chame para enfrentar o desmatamento e ao mesmo temo erradicar a fome. Vamos saber mais sobre estas conclusões?

Estimando a evapotranspiração - Boletim 56 - Uso da água
O uso eficiente da água é cada vez mais uma imposição, na agricultura, a aplicação da água no momento e quantidade adequada depende de estimarmos o consumo de água pela culturas e para tanto devemos monitorar o armazenamento no solo, através de sensores nele inserido, ou estimar a perda de água por evapotranspiração através da medição das variáveis climáticas. O Boletim 56 da FAO (Allen et al, 1985 - Crop evapotranspiration - Guidelines for computing crop water requirements - FAO Irrigation and Frainage Paper 56) é a grande referência por estabelecer a padronização para cálculo a partir da equação denominada Penman–Monteith para a estimativa de referência. No artigo "Crop evapotranspiration estimation with FAO56: Past and future", os mesmos autores (Luis S. Pereira, Richard G. Allen, Martin Smith e Dirk Raes), trazem os avanços, fazem uma retrospectiva e analisam os cálculos da evapotranspiração desde a publicação original do Boletim FAO 56 e ainda revisam definições e procedimentos e ajustes aos coeficientes de cultura, incluindo o o dual, onde os componentes evaporativo e transpirativo são calculados isoladamente. Também abordam a estimativa da evapotranspiração em condições "não uniformes", agora com o uso do sensoriamento remoto, ferramenta que temos utilizado em vários dos trabalhos realizados pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira. De maneira mais simplificada, a publicação Documentos 99 (Modelagem espaçotemporal dos componentes dos balanços de energia e de água no Semiárido brasileiro) traz alguns dos trabalhos técnicos realizados pela Equipe que trabalha com o modelo SAFER (Simple Algorithm for Evapotranspiration Retrieving), baseado na modelagem da razão ET/ETo, validado por meio de dados provenientes de culturas irrigadas e vegetação natural nas condições semiáridas brasileiras e testado com sucesso para as condições do noroeste paulista.

Água para banhar e beber,
Para fazer a semente nascer,
Para ajudar a planta a crescer
E a gente ter o que comer.
Água que nunca sobra,
Que o Nordeste cobra,
Que depende de uma obra
Para salvar quem não se dobra.
Água que irriga a riqueza,
Cuja falta causa pobreza,
Tens a imensa beleza
De ser vital à natureza,
De viajar na correnteza,
De afogar qualquer tristeza.

Tragédia da SAMARCO

O negócio da agricultura irrigada
Em dois momentos, mas falando aos alunos da UNESP Ilha Solteira, os Engenheiros Agrônomos Marcelo Akira Suzuki, Danilo Fávaro e Mauro Takao Suzuki  explicam o que é o negócio da irrigação, da agricultura irrigada e o uso dos sistemas de irrigação. No primeiro vídeo estamos na Irrigaterra e na Fazenda Manguinhos, enquanto que no segundo vídeo estamos Frutas Scholl onde se faz uso de diferentes sistemas de irrigação em citros e mamão (Parte 1 de 2).




Entretenimento
Fernando Brant (Caldas, 9 de outubro de 1946 - Belo Horizonte, 12 de junho de 2015) foi um compositor brasileiro. Na década de 1960, na cidade de Belo Horizonte participou do movimento musical Clube da Esquina e durante a sua carreira foi parceiro de Milton Nascimento, Lô Borges, Wagner Tiso, Márcio Borges, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga. Brant compôs canções com vários parceiros. O principal foi Milton Nascimento, com quem compôs mais de 200 canções, entre elas "Maria, Maria', "Canção da América", "Ponta de Areia", "Planeta blue", "Promessas do sol", "O vendedor de sonhos", "Saudade dos aviões da Panair (Conversando no Bar)", "Encontros e despedidas", "Nos bailes da vida" e "San Vicente". Os temas evocavam em especial a infância do autor, com uma Belo Horizonte tranquila, com a garotada brincando nas ruas. Criou roteiros e letras para balés, teatros e trilhas de filmes nacionais e novelas. Criou com Tavinho Moura o musical brasileiro Fogueira do Divino. Assista uma das suas entrevistas

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