Aula SETE - o que, quando e quanto irrigar... manejo da irrigação

Dia 4 de dezembro de 2015: a Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira promoveu o curso “Inovações Tecnológicas Aplicadas ao Manejo da Irrigação”.

Pod Irrigar
Melhorar o desempenho produtivo em uma propriedade irrigada exige um conhecimento multidisciplinar de modo a produzir cada vez mais e melhor, à custos mais baixos e sem causar danos ao meio ambiente, e em especial, sem desperdício de água. Trata-se de um grande desafio!
Por outro lado, temos hoje disponíveis dados, informações e no mercado os mais modernos equipamentos de irrigação e automação para aumentar a eficiência do uso da água.
A Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira opera a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, que composta de oito estações agrometeorológicas automáticas padronizadas, fornece dados e informações que servem de base para diferentes atividades econômicas, incluindo a estimativa da evapotranspiração, base para a realização do manejo da irrigação.
Visando dar conhecimento e ampliar o uso dos produtos e serviços oferecidos através da Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira, irrigantes, engenheiros, técnicos e estudantes se reuniram no último no dia 4 de dezembro de 2015 no curso “Inovações Tecnológicas Aplicadas ao Manejo da Irrigação” que teve por objetivo proporcionar de forma prática aos Produtores e Técnicos uma visão integradora do manejo de solos, água e dados agroclimatológicos, possibilitando uma reciclagem e/ou ampliação dos conhecimentos ligados à agricultura irrigada, melhorando as condições de trabalho, transferência de tecnologias e lucratividade aos produtores da região noroeste paulista, muitos deles carentes em processos modernos de produção baseada em sistemas de irrigação.


Através de aulas expositivas e transferências de tecnologias geradas regionalmente, este curso permite tanto a capacitação, como a atualização dos conhecimentos em agricultura irrigada, de modo otimizar os recursos disponíveis na propriedade. Também foi uma ótima oportunidade para que os irrigantes e Técnicos da região se conhecerem e intensificarem a troca de conhecimento e foi fruto da parceria entre a Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira, PROEX, FAPESPIrrigaterraLindsay e NaanDanJain. Esse foi o tema que desenvolvemos esta semana no Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada desta semana. Ouça também os anteriores.

Após os trabalhos na parte da manhã, as empresas Irrigaterra, Lindsay e NaanDanJain proporcionaram o momento de descontração, ou de recompensa pelo trabalho executado anteriormente, convidando a todos para um almoço que ainda teve os músicos ilhenses Hugo BrasaRock e Vitor Yuki mostrando as competências no violão e guitarra.



O que irrigar?
O outro tema desenvolvido em aula foi o "O Que Irrigar?" onde destacamos algumas culturas, mas lembramos que a vocação natural do produtor deve ser respeitada quando elaboramos planejamento de uma região. Outra questão é a logística de transporte e de consumo dos produtos a serem produzidos, portanto, a análise do mercado é essencial na decisão sobre quais cultivos irrigar. O fato é que com irrigação é possível ousar e quebrar alguns paradigmas. Veja o exemplo que vem de Viradouro, citros com mogno irrigado por gotejamento. Ou ainda a integração lavoura-pecuária ou a produção de novilho precoce baseada na pastagem irrigada associada ao confinamento, com o milho silagem produzido sob pivô central, sem esquecer as possibilidades associadas à irrigação de parquesjardins campos esportivos! A pastagem irrigada é adequadamente ilustrada em video pelo Médico Veterinário José Ricardo Solfa no sítio Sr. Francisco Ferreira em Sud Mennuci.  E conheça a experiência de um projeto irrigado que garante criação de caprinos e ovinos no Sertão de PE. O Projeto Pontal tem pulmão verde, área de 12 hectares irrigada, os animais estão saudáveis, graças à forragemPastejo rotacionado, adubação e irrigação foi tema da reportagem na TV Tem - Programa Nosso Campo de 16 de março de 2013. Veja o video! A Fenicafé é o principal evento da cafeicultura, com ênfase à irrigada - veja em video como foi a edição 2014 e muito mais.

Contraste entre a pastagem irrigada e a de sequeiro no noroeste paulista. Tanto o gado de corte como o leiteiro podem e devem se beneficiar da irrigação para se obter elevadas produtividades e rendimentos.

Consórcio de citros com mogno africano, sob irrigação em sistema de gotejamento, aos 20 meses de idade. Na Fazenda São Paulo, em Viradouro-SP. (Fonte: José Gibran)

Outro desafio é a irrigação da cana, que ainda enfrenta muita resistência do setor. Algumas iniciativas como o Projeto Cana Pede Água e o GIFC - Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açucar visam provar que a irrigação é vantajosa e estimular o uso da técnica.

Professor Dr. Luiz Malcolm Mano de Mello, Chefe do Departamento de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos da UNESP Ilha Solteira falou sobre a importância da irrigação em cana e faz um breve histórico do desenvolvimento da cultura na região noroeste paulista.na abertura do do 19° Encontro do Grupo de Irrigação e Fertirrigação em Cana-de-açúcar que aconteceu em Ilha Solteira. Neste Encontro fizemos a palestra "Balanço hídrico, apoio ao irrigante, necessidade de irrigação, uso da água e resultado econômico: como estabelecer sinergia?"


Cristalina em Goiás certamente pode ser exemplo tanto para a questão de ONDE IRRIGAR, pois seu balanço hídrico se mostra negativo em alguns meses do ano, como em O QUE IRRIGAR, pois se orgulha de vários índices, inclusive da sua diversidade de cultivos. O município tem o maior rendimento de alho por hectare (um quarto do alho nacional é produzido em Cristalina e com melhor qualidade que os importados). Cristalina também é o maior produtor de milho doce do país, maior produtor de alho nobre do país, tem a maior área irrigada de trigo do país (produz a melhor qualidade de grão com maior produtividade), é o maior produtor de cebola do Centro-Oeste, o maior produtor de feijão da região, o maior produtor de batata do Centro-Oeste, o maior produtor de café do Estado de Goiás e na produção de sequeiros destacam-se soja, milho, feijão, algodão, sorgo e arroz, numa área total cultivada de 210.000 hectares, sendo que produz as melhores qualidades de sementes de soja e milho. Durante muitos anos, a economia de Cristalina se baseou na exploração de cristais. Na década de 70, com a chegada de produtores rurais do sul do país, o cenário extrativista deu lugar ao plantio de diferentes culturas. A altitude do município, as temperaturas amenas e a excelente qualidade do solo permitiram que o município empregasse uma nova forma de cultivo: a irrigação. Beneficiado por mais de 240 nascentes e rios, foi possível a instalação de 560 pivôs que captam a água e distribuem de maneira uniforme e constante a quantidade necessária para a realização de colheitas mesmo em épocas que não há chuvas, e também é detentora do título do município que mais utiliza a irrigação na América Latina. O resultado é a alta produtividade, em especial, de alho, batata e cebola. Somente nestas três culturas, são 8.000 empregos em uma das etapas de produção. Depois de anos apenas plantando, Cristalina passa a partir de 2010 a industrializar sua produção e incorpora plenamente os efeitos multiplicadores da agricultura irrigada e as indústrias Incotril, Fugini e Bonduelle estão presentes processando alimentos vindos dos diferentes cultivos no município. Além de empregar mão-de-obra manual nas colheitas, Cristalina abre inúmeras oportunidades de trabalho em nível superior como agronomia, zootecnia, administração e engenharia civil. Com a mudança de muitas famílias para a cidade, houve um grande crescimento no setor da construção civil. Diversos prédios residenciais estão sendo edificados e há constante necessidade de mestre-de-obras, pedreiros e serventes. E tudo isso leva Cristalina a ser a detentora do 1º PIB (Produto Interno Bruto) agropecuário do país, sendo destaque nacional na produção de grãos e a economia fortalecida coloca o município como um dos maiores geradores de emprego do Brasil. Trinta e cinco culturas fazem a economia crescer e o desenvolvimento sócio-econômico do município e a irrigação - com seus 560 pivôs - sendo a força motriz para produtividades elevadas. Parabéns Cristalina!

As cidades paulistas que não tem na citricultura ou a cana-de-açúcar como base principal de produção aumentaram a participação no valor da produção agrícola no Estado de São Paulo, segundo o IEA (Instituto de Economia Agrícola). Itapeva é um ótimo exemplo. A produção agropecuária do município subiu de R$ 2 bilhões, em 2012, para R$ 2,4 bilhões neste ano. A cidade, que ocupava o sétimo lugar em produção no Estado, subiu para terceiro. O pilar de produção da cidade é o tomate, cujas receitas somam R$ 709 milhões neste ano. O produtor da cidade foi beneficiado pela forte aceleração de preços do produto no início do ano. Mas não é só isso! Soja e milho também fizeram a diferença com o valor da produção da soja em R$ 400 milhões em Itapeva, enquanto o do milho esteve em R$ 336 milhões.  Cristalina - GO e São Desidério - BA se tornaram recordistas nacionais de PIB agropecuário e em comum, tem a diversificação agrícola e suas lavouras contam com o uso expressivo de sistemas de irrigação, e no Estado de São Paulo, Itapeva se junta à estes municípios, uma vez que seus agricultores diversificaram seus plantios e ainda investiram em sistemas de irrigação. Dados do LUPA / CATI mostram quem na safra 1995/96 apenas 85 propriedades rurais contavam com sistemas de irrigação e na safra 2007/2008 o número de propriedades com irrigação subiu para 818. Abortamos o exemplo destes municípios aqui neste Blog e também em uma das edições do [Pod Irrigar] - Pod Cast da Agricultura Irrigada.

Irrigando... pastagem, citros, mamão, cana... e conduzindo água
Destacamos também algumas culturas que recentemente tem recebido investimentos em irrigação e a situação atual de alguns importantes setores, como pastagem (1), cana (1, 2 e ainda o artigo dos Pesquisadores da EMBRAPA sobre a safra 2011/2012), citros e ainda a irrigação de parques, jardins e campos esportivos (1, 2). O projeto Cana Pede Água é um ótimo exemplo de marketing concorrencial, vale conferi-lo! As estatísticas mundiais de área irrigada podem ser encontradas no AQUASTAT da FAOVamos conhecer um sistema de irrigação funcionando em pastagem? O uso de aspersores de baixa vazão e baixa pressão é cada vez utilizado, permitindo o aumento da eficiência do uso da água, com infiltração total da água que chega ao solo. Confira o video!

Em nossas aulas nossos alunos conheceram também quais os meios de se conduzir água, através de canais ou tubulações e as diferenciamos em tipo de material e classe de pressão, que indicam a resistência de cada tubo ou tubulação. Assim diâmetros comerciais, nominais, internos e classe de pressão de já são conhecidos pelos alunos, incluindo a diferenciação entre conduto livre e pressurizado. E quando se fala de recursos hídricos para se iniciar uma obra, 5 "engenharias" devem ser levadas em consideração: Técnica, Financeira, Ambiental, Institucional e Política. Na busca pela água, várias obras de engenharia foram necessárias para desenvolver regiões.


Mestrado em Recursos Hídricos - Oportunidade

Entretenimento
Após os trabalhos técnicos do curso "Inovações Tecnológicas Aplicadas ao Manejo da Irrigação" realizado em 4 de dezembro de 2015 no DEFERS - UNESP, Hugo BrasaRock e Vitor Yuki interpretam Trilhos Urbanos, quando as empresas Irrigaterra, Lindsay e NaanDanJain proporcionaram o momento de descontração, ou de recompensa ao presentes, pelo trabalho executado anteriormente, convidando a todos para um almoço que ainda teve este fantásticos músicos ilhenses. mostrando as competências no violão e guitarra.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Por que a água evapora sem estar a 100° C ?

A Importância da DBO

Pivô central: história e características