Aula CATORZE - Sistemas de irrigação para todos os fins

"Não pensem que eu fiquei louco
Ou que esteja voltando atrás,
É que o dinheiro está pouco
E o povo gasta demais.

Água para lavar carro e calçada
Custa mais do que o povo pensa,
E uma água bem tratada
Nenhum habitante dispensa..."

Pod Irrigar - Segurança hídrica se atinge armazenando e usando adequadamente a água
Muitos países enfrentam o desafio de manter ou não deixar diminuir as suas áreas de agricultura irrigada que possibilitam e sustentam o desenvolvimento sócio-econômico de regiões ao mesmo tempo em que garantem a oferta de alimentos ao longo do ano e dos tempos. As limitações podem vir do solo, trabalhado à séculos ou de problemas ligados a qualidade e oferta de água para mover os sistemas de irrigação. No Brasil, o desafio é o oposto, queremos e precisamos aumentar a nossa área irrigada, muito pouco perto do nosso potencial. Antes, falávamos em 30 milhões de hectares, mas os estudos conduzidos pela Esalq-USP e recentemente divulgados pela SENIR - Secretaria Nacional de Irrigação nos informa que é de 60 milhões de hectares a área potencial para agricultura irrigada e temos apenas 6 milhões hectares e assim, aproveitamos de forma limitada os efeitos multiplicadores da agricultura irrigada.
O melhor ano em termos de crescimento da nossa agricultura irrigada foi 2013, quando 280 mil hectares passaram a contar com novos sistemas de irrigação. O que vinha desenhando um cenário crescente de expansão relativa da agricultura irrigada foi interrompido em 2014 e 2015 com a crise hídrica, quando irrigantes posicionados às margens dos grandes lagos das hidrelétricas jamais imaginariam que teriam dificuldades e custos adicionais para captar a água e continuar a desenvolver a sua atividade econômica. Muitos chegaram a paralisar suas atividades dada a insegurança hídrica que lhes foi imposta, em grande parte do Brasil.
Nas edições anteriores do [Pod Irrigar] temos falamos de como armazenar água e de obras para isso, além de técnicas de conservação do solo, mas quanto aos equipamentos de irrigação em si, será que os irrigantes tem a real noção da importância de conhecê-los e fazer as manutenções necessárias de modo a tirar o máximo proveito deles e ainda com maior eficiência no uso da água?
Quantos irrigantes já avaliariam o seu sistema de irrigação alguma vez? Será que o irrigante sabe qual a capacidade real do seu sistema e com qual qualidade faz a irrigação? Não se deve iniciar qualquer programa de manejo da irrigação sem conhecer a uniformidade de aplicação da água e a lâmina líquida realmente aplicada. E estas informações são fundamentais tanto no manejo via solo, como via atmosfera, quando em um, medimos o estoque de água no solo e no outro, estimamos as perdas pelo processo de evapotranspiração.
E quanto a real necessidade de expandirmos nossa agricultura irrigada, ela deve ser feita com base em sistemas de irrigação projetados adequadamente, levando em consideração as condições locais de solo, clima, qualidade e disponibilidade de água, cultura, o que implica na escolha de emissores adequados e o respeito aos critérios hidráulicos que compõem um bom projeto de irrigação.
Segurar a água na bacia hidrográfica, projetar e instalar equipamentos adequados e aplicar água no momento e na quantidade necessária, são ações complementares que farão com que se tenha segurança hídrica à agricultura irrigada!

Aulas - Irrigação localizada
Nas aulas passadas finalizamos o projeto de aspersão, conhecemos em detalhes os materiais e conexões utilizadas em irrigação localizada e os conceitos envolvidos na elaboração de um projeto de irrigação. A irrigação é o método artificial de aplicação da água na agricultura que tem a finalidade de suprir as necessidades hídricas da planta, em caráter total ou suplementar. Isto quer dizer que a irrigação viabiliza o cultivo de espécies de plantas em locais onde, sem sua aplicação, seria impossível suprir as plantas com água. Através do desenvolvimento tecnológico e da criação de diferentes métodos de irrigação e metodologias de manejo, a irrigação tornou-se sinônimo de eficiência de produção, modernidade e de garantia de qualidade aos produtos. Em aulas reforçamos o manejo da irrigação, onde conceitos como evapotranspiração de referência e da cultura, coeficiente de cultura, CAD, água disponível, reserva de água no solo, umidade crítica, velocidade de deslocamento, lâmina aplicada, entre outros, foram ensinados.

Esta semana conhecemos os sistemas de irrigação localizada, onde a microaspersão e o gotejamento são os emissores mais utilizados. Conhecemos os detalhes do método de irrigação localizada (A) e as características dos emissores em relação ao comportamento da vazão em relação a pressão e assim reconhecemos em função do regime de fluxo (turbulento ou laminar) como se comportará o expoente da pressão na equação característica. Também souberam que existe os emissores auto-compensantes, que tem a vazão regulada por uma membrana. Ronaldo Santos em um dos seus trabalhos fez a avaliação de emissores, incluindo o gotejamento em sub-superfície, utilizado em culturas como por exemplo, a cana de açúcar ou o algodão. Também citamos o trabalho de Maurício Konrad que compara os de sistemas de irrigação localizada sobre a produção e qualidade da acerola na região da Nova Alta PaulistaUm bom video mostra as etapas da implantação e operação de sistema de irrigação por gotejamento em sub-superfície. Confira!

Os critérios de projeto continuam os mesmos. A perda de carga deve ser de no máximo 20% da pressão de serviço, mas como na irrigação localizada há a linha lateral e a linha de derivação, a perda de carga deve ser dividida entre estas linhas e assim, 55% dos 20% da pressão de serviço deve ser perdido na linha lateral (11% da pressão de serviço) e outros 45% dos 20% devem ser o máximo na linha de derivação (9% da pressão de serviço), sem esquecer do ganho de ganhar pela diferença de nível. A perda de carga pode ser calculada por Hazen-Williams ou pela Equação Universal. A escolha do diâmetro da tubulação deve ser pelos critérios de dimensionamento de adutoras (linha principal) e da tubulação de sucção que devem ficar em torno de 2,0 e 1,0 m/s a velocidade do fluido, respectivamente, por razões econômicas (vimos os impactos do diâmetro da tubulação sobre os custos e investimentos anuais) e também por não proporcionar condições favoráveis ao impacto do Golpe de Ariete. Importante relembrar os ensinamentos da disciplina de Hidráulica em relação a perda de carga localizada e as questões ligadas à cavitação, onde o NPSHd deve ser sempre maior que o NPSHe, o primeiro uma característica do local e o outro uma característica do equipamento. Importante deste ponto do curso para frente é sempre trazer a apostila de Hidráulica com os coeficientes técnicos utilizados nas equações e em casa, relembrar a escolha do conjunto moto-bomba a partir de catálogos dos diferentes fabricantesUm bom video mostra as etapas da implantação e operação de sistema de irrigação por gotejamento em sub-superfície. Confira!

 Fizemos o lay-out, escolhemos o emissor, vimos o critério de perda de carga na linha lateral, também aprendemos a contornar as situações em que a escolha do emissor e da sua vazão resulta em perda de carga acima do limite permitido em critério de um bom projeto e as opções possíveis para que a perda de carga (Hf) na linha lateral seja menor que a permita e por fim chegamos a pressão no início da linha lateral. Fizemos as checagens da pressão no último emissor e os cálculos necessários para se conhecer a pressão em qualquer emissor, lembrando que neste caso, o cálculo da Hf deve ser feito trecho a trecho entre cada emissor porque a vazão vai se alterando, diminuindo a cada novo emissor ao longo da linha lateral.

Tanto a disponibilidade ou vazão, como a qualidade da água encontrada dependem de como tratamos o solo na bacia hidrográfica, que é a região delimitada por divisores de água, que são os pontos mais altos do terreno. Ausência de conservação do solo, que envolve, por exemplo, terraceamento, cobertura do solo, presença de matas ciliares, causa erosão e com as chuvas, resulta em assoreamento dos córregos e rios, e como isso afeta diretamente a qualidade da água que pode ser classificada em fatores físicos, químicos e biológicos e pode afetar o homem, a cultura de interesse ou os equipamentos de irrigação. Conforme o interesse pelo uso da água, cada elemento assume importância diferente. No caso da irrigação, os principais problemas decorrentes de uma água de má qualidade estão relacionados com a obstrução física de equipamentos, contaminação de alimentos e toxicidade iônica específica, popularmente chamada de “queima” das plantas.

Recursos hídricos: recuperação e perda no armazenamento e distribuição da água
E o nível dos lagos da região Centro-Sul do Brasil subiu e a armazenagem de água segue em elevação. No Reservatório de Ilha Solteira, Em 12 de fevereiro de 2016, de acordo com a ONS, o Reservatório de Ilha Solteira estava na cota 327,23 metros (83,50%) e com vazão afluente de 4.603 m3/s (defluente de 3.894 m3/s) e recebia pelo Canal de Pereira Barreto 101 m3/s proveniente do rio Tietê, que abriga o Reservatório de Três Irmãos que estava na conta 327,26 metros (83,97%) com vazão afluente de 1.231 e defluente de 704 m3/s. Ambos tem na cota 328 metros o valor máximo de operação. Esta situação combinação com a temperatura elevada e a ótima qualidade da água dos rios foi um convite para que as praias voltassem a receber banhistas.



Acima, rio Paraná em Santa Fé do Sul em 14/02/2016.

Rio Paraná em Santa Fé do Sul em 18/08/2013.





Vazamento de água no trecho inicial do Canal de Transposição do Rio São Francisco, próximo a Cabrobó - PE em 08 de fevereiro de 2016. (Imagens recebidas por WhattsApp).


Tempo na região noroeste paulista
O fim de semana no noroeste paulista foi mais um daqueles em que o desconto com as condições do tempo somente poderiam ser amenizado com água e ar condicionado. Sem chuva região variando entre 2 e 18 dias, ontem, a temperatura em Ilha Solteira chegou a 37ºC, menos que os 37,6ºC em Marinópolis.

Agricultura - Cana - Pastagem - Soja

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