Aula DOIS - Um pouco da história da agricultura irrigada


Pod Irrigar - Como decidir qual a lâmina bruta ou capacidade do meu sistema de irrigação?
Esta semana recebemos a demanda de um citricultor que já tendo decidido pelo sistema de irrigação tinha dúvidas sobre qual seria lâmina bruta ou a capacidade do sistemas que deveria ser adquirido. Dizia que fora aconselhado a adquirir um projeto que variava desde lâmina de 4 mm até 10 mm e isso lhe causou ainda mais insegurança, o que é perfeitamente compreensível.
Essa decisão sobre qual a lâmina de projeto é uma decisão técnica e econômica e não comporta "achísmos" como se diz por ai. São quatro os pontos que caracterizam um bom ou adequado projeto de irrigação, o primeiro deles é que o sistema de irrigação deve ser capaz de entregar a quantidade de água necessária para repor a evapotranspiração e assim permitir a máxima produtividade.
Portanto, definida a região de plantio, tem-se a evapotranspiração de referência média mensal. Por exemplo, em Pereira Barreto, a média anual histórica é de 4,5 mm/dia e o mês de maior demanda é setembro com 5,6 mm/dia. Também no noroeste paulista, Populina tem média de 4,0 mm/dia e máxima de 4,8 mm/dia em outubro. Esta é uma caraterística local que caracteriza o clima e independe da cultura a ser implantada.
Para se chegar a demanda da cultura devemos multiplicar o coeficiente de cultura máximo pela evapotranspiração de referência máxima e assim teremos a segurança hídrica, com o menor investimento tecnicamente possível.
No entanto, irrigar a noite não é somente desejável pela máxima eficiência no uso da água, minimizando perdas por deriva e evaporação, mas também pelo aspecto econômico uma vez que no Brasil há a tarifa diferenciada que coloca uma redução no custo do kw.h em até 70%.
Contudo para irrigar somente a noite, devemos aumentar a lâmina bruta de projeto e esta prática levará à um aumento do investimento, mas há clara redução dos custos de irrigação e aumento da eficiência da aplicação de água.
E assim, com a curva de investimento aumentando quando se aumenta a capacidade do sistema e a curva de custeio caindo, somente uma análise econômica mostrará o encontro destas duas curvas, de modo a definir a lâmina que traduz a melhor relação econômica. Não devemos tentar irrigar somente a noite e aumentar a ociosidade do sistema porque mesmo com a redução dos custos operacionais, levará muitos anos para amortizar a diferença de investimento resultante do aumento da capacidade ociosa do sistema.
Mas que fique bem entendido, estes estudos econômicos devem iniciar com a lâmina mínima necessária para atender completamente a demanda evapotranspirativa da cultura em seu período mais crítico.

Aulas
Na nossa primeira aula de Irrigação e Drenagem abordamos os aspectos iniciais do curso, mostramos em detalhes os canais de comunicação mantidos pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira e também a importância histórica e atual da agricultura irrigada para o desenvolvimento dos diferentes países e que historicamente em todas as grandes potências a água teve papel importante, As civilizações egípcia (AB) e persa (A) foram citadas como exemplos, construíram infra estrutura hídrica e usaram desde aqueles tempos a água para irrigar suas lavouras. Na nossa postagem que abre o curso - Aula UM - disponibilizamos as sugestões de leitura complementar aos temas desenvolvidos em sala de aula. Ministramos um conteúdo abrangente que vai desde o histórico da irrigação, como as áreas irrigadas no mundo e ainda aspectos econômicos da agricultura irrigada e estes ensinamentos podem e devem serem complementados com as nossas listas de exercícios. Comece pela "HISTÓRICO E DESENVOLVIMENTO DA IRRIGAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO", mas faça da leitura uma coisa legal, nada de pressa, com tranquilidade, ou mesmo assista os vídeos sugeridos. Vimos também que o nosso Brasil é economicamente forte e importante, mas desigual, mas a agricultura irrigada tem potencial para minimizar ou até mesmo mudar esta situação, mas isso depende muito da capacitação e competência técnica e apostamos na comunicação como elemento essencial, incluindo a transparência e democratização de ações e do conhecimento. Mostramos como a AHI da UNESP Ilha Solteira pratica isso. Acreditamos que temos que reinventar o setor onde estamos envolvidos, com inovação e criatividade e assim, foco e capacitação são fundamentais. Em relação à irrigação e uso da água ilustramos com exemplos de culturas que dependem da irrigação, tanto para a produtividade, como para a qualidade da produção, e que produzimos matéria prima aqui no Brasil, para serem industrializadas em outros países. Fumo, café, cacau, são apenas alguns exemplos! E introduzimos ainda que de forma superficial, o conceito de RDI (Regulated Deficit Irrigation - 1), que envolve a qualidade de alguns produtos, como por exemplo uva e fumo, como uma estratégia para ter água à todos

Também falamos um pouco sobre carreira e que devemos ter um alvo e a importância de se preparar desde já. Também lançamos desafios a serem superados na agropecuária irrigada, o que é fonte de oportunidade e alguns podem ter o empreendedorismo em mente.

Ilustramos a irrigação no Brasil e no mundo, o potencial da agricultura irrigada, os conceitos de irrigação como técnica de aplicação artificial de água e um conjunto de ações e conhecimento eclético e ainda a diferença entre a irrigação e a agricultura irrigada quando falamos do setor. O exemplo da transformação de uma área de duna em campo de golf evidencia a necessidade de juntarmos conhecimentos de todas as áreas do campo agronômico com a irrigação e assim, auferirmos sucesso no nosso negócio. Não se iludam, o objetivo de todo o empreendimento é o lucro e a geração de empregos, desenvolvimento, etc, é consequência de uma negócio de sucesso. Mas precisamos ter água para abastecer nossos sistemas de irrigação e Cláudia Bozzo escreve "Os bons exemplos na preservação de água", citando a California e Israel. Vale a leitura!


História
A história da irrigação tem muito a ver com a história da civilização. Pode-se dizer que começa na Mesopotâmia na Mesopotâmia de Fertilidade Crescente, ou biblicamente o "Crescente Fértil" que é a área entre os rios Tigre e Eufrates. Aí, o enchimento e vazante destes rios criou o ambiente propício para se produzir alimentos e fixar o homem que deixaria assim de ser nômade! Também se conta que a irrigação começou no antigo Egito, há 5.000 anos. Rodeado por desertos, o Egito reserva apenas uma estreita faixa de terra para o homem viver. O Deserto do Saara está em toda a parte, com suas dunas, suas tempestades de areia,  que tornam impossível a existência de qualquer vegetal. No meio do deserto, porém, corre o rio Nilo. Graças às suas águas, ali floresceu uma das mais imponentes civilizações de que se tem noticia. Todos os anos, as águas do Nilo, engrossadas pelas chuvas que caem em setembro e outubro nas cabeceiras, cobrem as margens e se espalham pelo Egito. Quando baixam, deixam uma camada de húmus fertilíssimo, onde os camponeses plantavam trigo e pastoreavam seus animais. Havia, entretanto, um grave inconveniente: se a cheia era muito alta, causava devastação; se era fraca, restava menos terra fértil para semear - e os alimentos escasseavam... Tornava-se vital controlar essas cheias. Sob o comando do Faraó Ramsés III (1194 a 1163 a.C.), os egípcios ergueram diques que imprensaram o rio em um vale estreito, elevando suas águas e represando-as em grandes reservatórios, de onde desciam aos campos, através de canais e comportas, na quantidade desejada. O homem começava a dominar a ciência da irrigação - e se dava conta da sua importância para o progresso.
No mundo moderno, cerca de 5 a 6% das áreas agricultáveis (230 a 240 milhões de hectares) são irrigados e fornecem alimentos para mais de 40% da população global. Isto é possível devido a vários métodos e sistemas desenvolvidos e aperfeiçoados nos últimos 50 anos de tecnologia liderada por Israel e pelos Estados Unidos. No Brasil a partir dos anos cinqüenta é que a irrigação começou a ser desenvolvida cientificamente. Hoje são irrigados mais de 6 milões de hectaresnas mais diferentes culturas com concentração superior nas regiões Sul e Sudeste.

A maior de todas as civilizações já conhecida foi a Persa (A). Saiba como chegaram a este feito e como a água teve grande importância no documentário a seguir, composto de cinco videos. Grandes canais para transportar água foram construídos ao longo da história, mas pouco sabemos deles. Por exemplo, o canal de Dario - que sucedeu Ciro o Grande - você sabe onde ele foi construído e a sua importância? Conheça!


Já o sucesso da antiga civilização egípcia deve-se em parte à sua capacidade de se adaptar às condições do Vale do Nilo. A inundação previsível e a irrigação controlada do vale fértil produziam colheitas excedentárias, o que alimentou o desenvolvimento social e cultural. Com recursos excedentários, o governo patrocinou a exploração mineral do vale e nas regiões do deserto ao redor, o desenvolvimento inicial de um sistema de escrita independente, a organização de construções coletivas e projetos de agricultura, o comércio com regiões vizinhas, e campanhas militares para derrotar os inimigos estrangeiros e afirmar o domínio egípcio. O historiador grego Heródoto afirmou: "O Egito é uma dádiva do Nilo". Conheça um pouco mais desta história que também tem a água como elemento de conquista e sucesso (ABC)!


Está aí algo que gostei: irrigação e agricultura irrigada no colégio, com uma abordagem ampla, desde a história até a necessidade do uso racional sempre. Parabéns aos alunos que fizeram este video em 2013 para a Feira Cultural do Colégio Evolução em Embu Guaçu - SP no Ano Internacional da Cooperação pela Água.

Novos Orientados
Conhecemos nossos novos Orientados do Programa de Pós Graduação em Agronomia - Área de Concentração em Irrigação e Drenagem na UNESP Botucatu: Alberto Mario Arroyo Avilez vem da Colômbia para cursar o Mestrado e Regiane Carvalho chega de Juazeiro na Bahia para cursar o Doutorado. Ambos trabalharão com consumo e produtividade da água em cana irrigada. Usarão o modelo SAFER e Eddy Covariance para seus trabalhos.


Chuvas irregulares e elevada evapotranspiração - irrigação se faz necessária
No noroeste paulista temos entre 9 (Pereira Barreto e Ilha Solteira) e 23 dias (Paranapuã) sem chuvas e quando caíram foram irregulares, é o que registra a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista. Entre 28/03/2016 e 03/04/2016, enquanto que a chuva foi zero, a evapotranspiração de referência  média diária variou entre 3,9 mm/dia (Populina) e 4,4 mm/dia (Pereira Barreto - Estação Santa Adélia), exigindo o funcionamento dos sistemas de irrigação. E as temperaturas máximas na região ultrapassaram os 35ºC todos os dias com máxima de 37,7ºC no dia 31 de março em Sud Mennucci.


Comunicação na agricultura irrigada
A LINDSAY lançou o seu Blog, mais uma opção para levar a informação sobre a irrigação e a agricultura irrigada ao campo!

Seguro - Safra - Florestas plantadas
A ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) afirmou nesta quinta-feira (31) que a Lei Plurianual Agrícola (LPA), em elaboração pelo Mapa, estabelecerá seguro de faturamento ao produtor. A declaração foi feita durante o seminário Agronegócios e Energias Renováveis, em Goiânia. Kátia Abreu disse que a Lei Plurianual, com duração de cinco anos, vai conferir mais transparência e previsibilidade ao setor. A nova legislação, explicou, consolidará leis que regem importantes mecanismos e políticas do Mapa, como o Programa de Garantia de Preço Mínimo (PGPM), o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e o Fundo de Catástrofe, além de estabelecer o seguro agrícola de faturamento.

Sobre a expansão das fábricas de celulose da Fíbria e Eldorado na região de Três Lagoas, o setor "volta ao auge, contrata e revive a economia de cidade. A duplicação de duas fábricas de celulose em Três Lagoas, município 338 quilômetros a leste de Campo Grande, voltou a movimentar a economia do município, refletindo na geração de renda e aumento da oferta de empregos. Ao todo, as duas empresas juntas já somam mais de 700 contratações, com perspectiva de aumentar esse número em 2017". Em relação ao campo e produtividade das áreas publicamos recentemente com o Engenheiro Florestal Vinicius Evangelista Silva o artigo "Perspectivas para a silvicultura irrigada" em que defendemos o uso dos sistemas de irrigação também para a produção de eucaliptos nesta região, chamada de Bolsão Sulmatogrossense.

Enfim boas noticias: Mauro Zafalon aponta que venda de adubo deve aumentar 4,3% neste ano em relação ao que foi entregue em 2015, mesmo com o cenário das recentes quedas internacionais de preços das commodities e a soja e o milho sustentam balança do agronegócio no 1º trimestre de 2016. As receitas do setor atingiram US$ 17,4 bilhões, com participação de 42,8% do total exportado. Em 2015, esse percentual era de 42,9%. Poucos produtos foram responsáveis por essa manutenção: soja, milho, algodão e carnes. Líder da balança comercial, a soja teve uma evolução de 46% nas exportações, quando consideradas as receitas em dólares, apesar da queda de preços da oleaginosa no exterior. O milho, líder em desempenho percentual - alta de 111% no trimestre -, rendeu US$ 2 bilhões no ano (12,7 milhões de toneladas) e se mantém como o terceiro principal item na balança geral. A carne bovina "in natura" teve aumento de 11% nas receitas e rendeu US$ 1 bilhão no mês passado e a suína, 25%. Já o algodão rendeu 56% mais.

Política - Economia
"Nem Dilma nem Temer" é o Editorial da Folha de São Paulo de 03/04/2016 que começa assim: "A presidente Dilma Rousseff (PT) perdeu as condições de governar o país. É com pesar que este jornal chega a essa conclusão. Nunca é desejável interromper, ainda que por meios legais, um mandato presidencial obtido em eleição democrática. Depois de seu partido protagonizar os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia; depois de se reeleger à custa de clamoroso estelionato eleitoral; depois de seu governo provocar a pior recessão da história, Dilma colhe o que merece..." Concordo plenamente com os argumentos do jornal. O país precisa voltar a crescer e o mal que está sendo feito com o futuro dos nossos jovens por este Governo é incalculável.

Neste mesmo tema, Carlos Heitor Cony pergunta: "O golpe: onde está o golpe?"  e André Barcinski em "Coisa de cinema" escreve que "...o artigo "Pela legalidade", em que o ator Wagner Moura critica o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, é uma aula de cinema. A exemplo dos melhores cineastas e roteiristas, Moura criou uma narrativa fantástica que serve totalmente ao gosto de seu público-alvo..."

Em entrevista, o presidente da MAN Latin America - Antonio Roberto Cortes - diz que "É a pior crise em 38 anos".

[Pod MPB]

Entretenimento
Depois que gravou seu primeiro disco - Das Barrancas do Rio Gavião em 1973 -, Elomar passou a investir mais na sua carreira musical, bastante influenciada pela tradição ibérica e árabe que a colonização portuguesa levou ao nordeste brasileiro, mas foi só no final dos anos 1970 e início dos 80 que deu menos ênfase à arquitetura para dedicar-se à peregrinação pelos teatros do país, de palco em palco, tocando e interpretando o seu cancioneiro e trechos do que viriam a ser suas composições de formato erudito, como autos. Boa parte dos textos musicais e obras de Elomar são escritos em linguagem dialetal sertaneza (sic), título de linguagem atribuída por ele.
Com seu estilo típico de tocar violão, muitas vezes alterando a afinação do instrumento, Elomar criou fama entre o universo violeiro. "Fantasia leiga para um rio seco" foi gravado em 1981, em 1982 gravou ConSertão com Arthur Moreira Lima, Heraldo do Monte e Paulo Moura,  "Cartas catingueiras" ou "Auto da Catingueira" foi gravado na Casa dos Carneiros em 1983 (Disco 1 e 2), em 1984 Elomar se junta à Vital Farias, Geraldo Azevedo e Xangai e gravam ao vivo Cantoria (1 e 2) e gravou em 1990 o disco "Elomar em Concerto", acompanhado pelo Quarteto Bessler-Reis. Avesso à exposição na mídia para divulgação do seu próprio trabalho, prefere a vida reclusa da fazenda, longe das grandes metrópoles, criando bodes como o que inspirou ao cartunista Henfil o personagem Francisco Orellana. Mesmo assim, algumas de suas composições ficaram relativamente famosas, como "Cantiga do amigo", "Cantiga do Estradar", "Clariô", "O Violeiro", "Arrumação" e "O Peão na Amarração". Sua participação no Programa Ensaio (1994) é uma verdadeira aula de história do sertanejo e do sertões e, naturalmente de música, simplesmente imperdível! A linguagem e o sertão permeiam todo o universo de Elomar - de suas composições à literatura. Amigo de Elomar e pesquisador da Fundação Casa dos Carneiros, Gilson Bonfim apresenta os sertões e comenta como o músico incorpora na sua obra tanto a linguagem normativa quanto a coloquial. João Omar, maestro, músico e filho de Elomar, conta o que é o sertão para seu pai e a importância de sua obra como um tesouro que guarda o dileto catingueiro - fala dos sertanejos reproduzida e batizada de “sertanezo” por Elomar.

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