Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista: para que e para quem?
"É preciso pensar para a frente. Como é que vai ser daqui a 30 anos? O Brasil precisará alimentar o mundo e a agricultura é uma coisa complexa, exige planejamento. Quem é que está estudando isso? Precisa estudar" Fernando Penteado Cardoso, Folha, 15 de outibro de 2016. Dia do Professor! Aprendamos então!
Esta semana comemoramos o Dia do Engenheiro Agrônomo e sempre é uma satisfação avaliar que fiz a escolha profissional correta, pois são tantas as possibilidades de trabalho que fica até difícil não se encontrar em uma profissão tão eclética. Abaixo, o Brasil em números dos colegas espalhados em cada Estado.
[Pod Irrigar] - O monitoramento agrometeorológico no Noroeste Paulista não atende somente a agricultura irrigada
Uma estação agrometeorológica é formada por sensores que informam as condições do tempo do local onde ela está instalada e quando se tem uma longa base de dados coletados com eles é possível caracterizar o clima de uma região. Os principais sensores que compõem uma estação são os termômetros que nos informam a temperatura máxima, mínima e média do dia, higrômetros nos informam a a umidade relativa do ar, anemômetros informam a velocidade e direção do vento, os pluviômetros a quantidade de chuva que caiu e os radiômetros ou piranômetros a radiação solar que chega ao local.
Os sensores podem ser analógicos, quando é preciso que alguém faça a leitura do sensor e anote o valor lido e os digitais, quando um datalogger faz o registro das variáveis sistematicamente e neste caso, as estações se dividem entre as compactas, que já vem programada para leituras e explicitação dos dados em períodos pré-determinados e são plug-and-play, ou seja, basta instalar os sensores pré-determinados e ligar o datalogger e as programáveis, que permitem adicionar quantos sensores julgarmos ser necessários e a definição do intervalo de leitura - que é chamado de tempo de varredura - e o de explicitação dos dados, permitindo um monitoramento em tempo real. Na UNESP Ilha Solteira usamos as estações programáveis com leituras a cada dez segundos e compilamos as informações para intervalos de 5 minutos, uma hora e um dia, sendo os dados diários os mais utilizados para aplicações agrícolas, como por exemplo a estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) e o volume de chuvas.
O monitoramento contínuo auxilia nas tomadas de decisão em várias áreas do conhecimento, não se restringindo às ambientais e cada vez decisões econômicas e sociais são alicerçadas nos elementos climáticos. Também fazemos contas, como por exemplo a estimativa da evapotranspiração de referência e os irrigantes podem decidir quando e quanto irrigar, minimiza o estresse das plantas, maximizar o potencial de produção e por fim, reduzir custos operacionais e aumentar a lucratividade da atividade de produção de alimentos.
A UNESP Ilha Solteira opera a Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista composta por oito estações automáticas que tem por finalidade subsidiar projetos de pesquisa e trabalhos ligados à agricultura irrigada e ambiental e tem no Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira sua parte mais visível, onde qualquer Internauta pode acessar os dados, em tempo real ou em base histórica de forma livre e gratuita. Foi estabelecida através do projeto “Produtividade da Água em Bacias Hidrográficas”, financiado pela Fapesp e teve por objetivo introduzir estudos que combinam sensoriamento remoto e o conceito de rede de estações agrometeorológicas para estudos de evapotranspiração em escala regional.
Nesta conceito, ao rodar os modelos, as informações climáticas obtidas pelas estações não entram com valores estanques e sim, com mais um plano de informação obtido por interpolação, onde cada pixel tem um valor diferenciado, melhorando a qualidade e a precisão das informações, como por exemplo os recentes trabalhos de pesquisa apresentados no SPIE Remote Sensing no fim de setembro.
Em 2015 em média diária foram 460 visualizações de páginas, em 104 sessões feitas por 32 usuários, com um tempo médio por acesso ao Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira de 8 minutos e de janeiro deste ano até ontem, registramos um crescimento de 18% na média diária visualizações de páginas, 21% no número de acessos, 13% no número de usuários únicos e o tempo médio de acesso foi para 9 minutos, comprovando o interesse crescente por informações climáticas e o acerto na decisão de tornar público os dados que alimentam nossas pesquisas, combinando-os com as atividades classificadas como de extensão universitária.
Visualizações de páginas no Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira em 2016.
A oferta de dados climáticos de forma livre e gratuita a partir do do Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira fez com que milhares de Internautas se interessassem pelas informações e se tornou uma referência na região noroeste paulista, que compreende a margem direita do rio Tietê, tendo ao oeste o rio Paraná e ao norte a margem esquerda do rio Grande.
Assim, o Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira, além de proporcionar informações climáticas para o desenvolvimento das pesquisas tem um forte componente de extensão, com os dados das estações agroclimatológicas disponibilizadas pela UNESP Ilha Solteira - incluindo a evapotranspiração de referência - tanto em tempo real, como a base histórica, permitindo uma infinidade de aplicações, cada dia mais relevante face às mudanças climáticas e eventos extremos cada vez mais frequentes.
Esse foi o tema que desenvolvemos na edição de 7 de outubro de 2016 no Pod Irrigar - o Pod Cast da Agricultura Irrigada. Ouça também os anteriores.
Aula prática
Como informado em sala de aula, amanhã, dia 17 de outubro de 2016, as 10:00 horas sairemos à campo para a aula de Hidrometria e Qualidade da água em bacias hidrográficas. A dica é a de sempre: roupa de "ralo", camisa de manga longa, chapéu ou ao menos boné e botina, sem esquecer do protetor solar. Além de caneta, lápis, papel e calculadora. OK! Pode sim, ser a calculadora do celular no modo avião. Confira na Fan page da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira as fotos e no Canal da Irrigação os detalhes de aulas anteriores. Se ainda não curtiu a Fan page, que tal dar uma espiadinha e curtir-lá?
SPIE 2016
Nossa participação no SPIE 2016 teve destaque no Portal UNESP com o título "UNESP apresenta trabalhos sobre produtividade da água - Relação entre a produção de biomassa e a água utilizada é foco de estudos" e também no Portal Votuporanga Tudo com o título "Professor Dr da região participa de congresso sobre clima na Escócia. Professor da UNESP Ilha Solteira defendeu projeto de produtividade de água no evento".
Os trabalhos apresentados no SPIE 2016 que cobrem o Noroeste Paulista foram:
- Evapotranspiration and biomass production acquired from Landsat 8 images in hydrological basins with growing irrigated areas in the northwest side of the São Paulo State, Brazil
Próximos eventos
Nossa próxima participação em eventos será em Concepcion - Chile, quando no dia 25 de outubro de 2016 faremos a palestra "CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA PARA A SUSTENTABILIDADE DA PRODUÇÃO DE ALIMENTOSA BASEADA NA AGRICULTURA IRRIGADA" no CRHIAM Inovagri Internation Meeting que acontece entre 24 e 26 de outubro e terá a participação de mais de 70 brasileiros, incluindo colegas e alunos de outras Unidades da UNESP. Sobre a Conferência, o convidado desta semana do [Pod Irrigar] foi o Engenheiro Agrônomo e membro da Comissão Organizadora Silvio Carlos Ribeiro Vieira Lima que fez um panorama do evento e da sua importância.
O Workshop de Manejo da Irrigação acontecerá nos dias 8 e 9 de novembro de 2016 na UNEB, em Juazeiro - Bahia e será mais uma oportunidade para capacitação. A programação completa está abaixo.
Voltando ao passado
A manchete da Folha hoje - "Aos 102, criador da Manah trabalha, dirige e é craque no computador" - me fez voltar à 20 de agosto de 1985 e ao meu curriculum que ainda consta a minha participação no "II Seminário de Irrigação da Alta Mogiana Promoção: Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem e Fundação Educacional de Ituverava. Ituverava - SP. 19 a 20 de agosto de 1985", minha primeira incursão na área que hoje trabalho.
Sempre com grana curta, neste dia, estava eu em busca de uma carona que me levasse de volta à Jaboticabal e eis que uma boa alma parou e abriu a porta. Fomos conversando o tempo todo, logo de início disse que era Engenheiro Agrônomo formado na ESALQ, mas que Jaboticabal também era uma excelente Faculdade e em determinado momento ele disse seu nome: Fernando Penteado Cardoso! O nome deveria fazer algum sentido para mim, afinal, já estava no segundo ano de faculdade, mas não fez. Sempre com uma postura simples, humilde e empolgado com a agricultura, somente ao desembarcar no trevo de Ribeirão Preto fiquei sabendo que o dono da Manah havia me proporcionado a economia da passagem de ônibus, um bom papo e a oportunidade de 31 anos depois contar esta história. "É preciso pensar para a frente. Como é que vai ser daqui a 30 anos? O Brasil precisará alimentar o mundo e a agricultura é uma coisa complexa, exige planejamento. Quem é que está estudando isso? Precisa estudar." Obrigado Fernando e que Deus lhe abençoe e que no momento adequado lhe conceda uma passagem "súbita", como é o seu desejo! Vale a leitura da matéria!
Após chuvas, temperaturas e evapotranspiração elevadas no noroeste paulista
Chuva interrompe “seca” que já durava 40 dias em Ilha Solteira e hoje mais um dia muito quente, 38,7ºC em Sud Mennucci, 37,9ºC em Ilha Solteira e em Marinópolis, pasmem, 38,1ºC e evapotranspiração de 5,9 mm/dia até o momento, em um município que amarga 39 dias sem chuvas maiores que 10 milímetros em um único dia, como mostra o Canal CLIMA da UNESP Ilha Solteira.
Entretenimento
Se alguém te convidasse para ir num festival de música com a média de idade dos cantores de apenas 72 anos, você aceitaria o convite? Pois é, aconteceu no último fim de semana e terá repeteco neste fim de semana em Indio, California. Adoro estas ousadias, por exemplo, fazer o Desert Trip Festival, ao lado de um dos festivais mais populares do mundo, o Coachella Valley Music and Arts Festival e levar num único fim de semana 130 mil diferentes pessoas a comprarem 210 mil ingressos para assistirem "velhinhos" como Bob Dylan (High Water, áudio do show completo), Roger Waters, The Who, Neil Young (show completo) ou ainda Paul McCartney e Neil Young tocando juntos música dos Beatles. Ou sozinho mesmo! Como não se arrepiar com The Rolling Stones tocando Sympathy for the Devil, "Miss you" e outros clássicos em pleno deserto! Tem tem também The Who! Pena que ninguém me convidou, aceitaria na hora. Para não esquecer da agricultura irrigada, o Coachella Valley é o paraíso dos campos de golf - com dezenas deles - em pleno deserto da Califonia e para manter o verde, "importam" água do All American Canal, que por quase 200 km transporta a água coletada na Imperial Dam no rio Colorado. E claro que com tantos "velhinhos" juntos a imprensa não deixaria de destacar, "um milagre, o maior concerto de rock do século", ou, Roger Waters colocando a política no Festival e o encerramento com o dueto musical entre The Who e Roger Waters. Apreciem sem moderação!
Comentários
Postar um comentário