Artigos científicos: mais dois artigos sobre o monitoramento da qualidade da água para fins de irrigação são publicados

Por -
Nossa Equipe sistematicamente vai ao campo, entra no Laboratório de Água, vai ao NACI, senta, faz os perfiz em CAD, faz cálculos, analisa os dados, confronta com os dados de clima, escreve, compara e conclui, enfim um longo, cauteloso e responsável trabalho de anos para finalmente submeter um paper à uma revista técnica.

Depois esperamos ansiosos a análise e sugestões do Relator e finalmente aguardamos a publicação do artigo. Trabalho de anos que segue passando por vários Orientados até que possa estar a disposição de toda a comunidade científica e interessados em geral.

Assim, mais dois artigos que trata do monitoramento sistemático da qualidade da água e da vazão de microbacias hidrográficas de interesse sócio-econômico no noroeste paulista acabam de ser publicado na Revista Brasileira de Agricultura Irrigada, Volume 5, Número 1 de 2011, disponível a partir de http://www.inovagri.com.br/index.php/category/revista/numero-1-2011/

Em ambos os artigos a elevada concentração de ferro na água, como resultado da ausência de conservação do solo e matas ciliares e assoreamento é o que mais preocupa, especialmente para os irrigantes que se utilizam de sistemas localizados, como a microaspersão e o gotejamento.

O artigo "Análise dos riscos à sistemas de irrigação causados pela qualidade da água do córrego do Coqueiro" avalia a concentração de ferro total, sólidos suspensos, dissolvidos, totais e turbidez na água no período de 2007 a 2009 em 5 pontos georreferenciados.


O Córrego do Coqueiro que percorre 5 municípios e tem o uso da água compartilhado para irrigação de várias culturas e abastecimento das cidades de Palmeira d´Oeste e Marinópolis e na estação seca apresenta baixa vazão, o que traz dificuldades na oferta de água aos usuários, em especial na área de captação da Estação de Tratamento de Água.

Erosão e assoreamento são as causas mais importantes pela baixa disponibilidade de água na estação seca e a falta de conservação de solo e matas ciliares levam à grandes ondas de cheia na estação chuvosa, agravando o problema.


O artigo mostra que o córrego do Coqueiro possui baixo potencial de causar danos ao sistema de irrigação para os parâmetros físicos, no entanto, devido a concentração de ferro na água o manancial que apresentou médio a alta potencial de risco de entupimento ao sistema de irrigação, a utilização de sistemas sem filtragem, principalmente nos sistemas localizados (microaspersão e gotejamento), pode causar risco de obstrução de tubulações e emissores, principalmente em captações de água posicionadas no trecho final do manancial, que recebe a forte influência de erosões de grande porte.

Na regão do terço final do córrego Cinturão Verde é indicada a oxigenação artificial da água para uma maior eficiência dos sistemas de filtragem, obrigatório em irrigação localizada. Irrigantes com sistemas localizados devem ficar atentos à variação da qualidade da água e da pressão no sistema, com o propósito de garantir maior durabilidade do equipamento e com satisfatória uniformidade de aplicação de água, cada vez mais exigida em situação de escassez deste recurso.


Microbacia do Córrego do Cinturão Verde
O artigo "Qualidade da água para uso em irrigação na microbacia do córrego do Cinturão Verde, município de Ilha Solteira" analisa a qualidade de água para a irrigação no Córrego do Cinturão Verde, localizado na cidade de Ilha Solteira no ano de 2009. Trata-se de uma microbacia no entorno da cidade, cada vez mais urbanizada e degradada em termos de erosão e assoreamento, cuja represa que se constitui no maior armazenamento de água da microbacia está totalmente assoreada e correndo riscos de ruptura.

Vertedor sendo erodido na sua parte inferior

Represa no córrego Cinturão Verde totalmente assoreada e eutrofizada

Foram analisados as concentrações de ferro, cálcio, magnésio, sólidos dissolvidos e em suspensão e verificou-se que o maior problema é o assoreamento resultante de processos erosivos, comprovado pela elevada concentração de ferro na água, muito superior ao limite crítico, conferindo alto potencial de danos ao desempenho de sistemas de irrigação - em especial microaspersores e gotejamento - pelo entupindo dos bocais dos emissores.

Represa no córrego Cinturão Verde totalmente assoreada e eutrofizada

É urgente a necessidade de adotar medidas eficazes de conservação do solo e desassoriamento e reforço do talude da represa que corre de rompimento e ainda irrigantes devem ter atenção com o uso de filtros para evitar a deposição de ferro na tubulação do sistema.

Artigos:
BARBOZA, G.C.; HERNANDEZ, F.B.T.; FRANCO, R.A.M. Análise dos riscos à sistemas de irrigação causados pela qualidade da água do córrego do Coqueiro. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada, Fortaleza, v.5, n.1, p.24-36, 2011. ISSN 1982-7679

MOURA, R.S.; HERNANDEZ, F.B.T.; LEITE, M.A.; FRANCO, R.A.M.; FEITOSA, D.G.; MACHADO, L.F. Qualidade da água para uso em irrigação na microbacia do córrego do Cinturão Verde, município de Ilha Solteira. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada, Fortaleza, V.5, n.1, p.68-74, 2011. ISSN 1982-7679

Mais informações e álbum fotográfico da microbacia do Cinturão Verde:
Registro fotográfico - situação atual: http://www.agr.feis.unesp.br/aula_21_marco_2011.php

Mais informações e álbum fotográfico da microbacia do Córrego do Coqueiro:


Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Por que a água evapora sem estar a 100° C ?

Por -
Imagem
              Você já deve ter tido a experiência de esquentar a água em uma panela no fogão de casa, e notar que ela começa a borbulhar e soltar vapor, e depois de certo tempo o seu volume começa a diminuir. A água que estava no estado líquido passa a para o estado físico de vapor, se for agua pura na pressão atmosférica do nível do mar, isso deve acontecer quando sua temperatura chegar a 100°C. Mas você já deve ter notado que se deixarmos um copo d’água em cima da mesa, as poças feitas pela agua da chuva também diminuem de volume. Teria essa água chegada a 100°C e evaporado? Muito provavelmente não! Então se a água não chegou a 100°C, por que ela evaporou?!              As substancias ou soluções possuem uma propriedade físico-química que chamamos de pressão de vapor máxima, que é a pressão atmosférica máxima exercida pelo vapor devido moléculas entrarem em equilíbrio líquido e vapor. Podemos entender melhor essa propriedade num experimento bem didático. Colocamos o mesmo volume
Leia mais

A Importância da DBO

Por -
Imagem
A decomposição biológica tem um papel vital na natureza: degradar a matéria orgânica restituindo seus elementos ao meio. A DBO representa o potencial ou a capacidade de uma massa orgânica “roubar” o oxigênio dissolvido nas águas. Mas este “roubo” não é praticado diretamente pelo composto orgânico, mas sim é resultado da atividade de microorganismos que se alimentam da matéria orgânica. Figura 1. Lançamento de efluente da Estação de Tratamento de Esgoto da cidade de Marinópolis, localizada na região noroeste paulista. Assim, constituem condições básicas para a DBO: a) A existência de microorganismos: se for colocada certa quantidade de calda de esgotos em um frasco com um tanto de água e em seguida esterilizar a solução, não haverá consumo de oxigênio no frasco. Isto é, a quantidade de oxigênio dissolvido, inicialmente existente permanecerá a mesma nos dias seguintes. b) A existência de condições aeróbias: não havendo oxigênio dissolvido não pode haver seu consumo. Além disso, os micror
Leia mais

Pivô central: história e características

Por -
Imagem
O texto a seguir sobre Pivô Central é do Professor Luiz Antonio Lima do Departamento de Engenharia da UFLA - Lavras, que complementamos com algumas imagens e links. INTRODUÇÃO O pivô central foi construído pela primeira vez em 1948. Em 1949, seu inventor, Frank L. Zybach, submeteu o invento para ser analisado e finalmente foi patenteado em 1952, no Colorado, Estados Unidos. O pivô girava acionado por mecanismos de pistões movidos hidraulicamente pela água. O inventor produziu unidades até 1954, quando vendeu os direitos de fabricação para empresa americana Valley, localizada no estado do Nebraska. A partir de 1968, outra empresa (Lindsay) também iniciou a fabricação de pivôs e atualmente dividem a liderança do mercado mundial de pivôs. No Brasil existe fábricas subsidiárias de ambas empresas, sendo a Valmont (marca Valley) em Uberaba - MG e a Lindsay (marca Zimmatic) em Mogi Guaçu-SP. Estima-se que o mercado brasileiro seja da ordem de 800 unidades por ano. A grande aceitação do pi
Leia mais