Perda de competitividade inibe reação da indústria
Desde 2000, a indústria cresceu acima do Produto Interno Bruto (PIB) em apenas quatro anos. Nos demais, seu resultado foi inferior à média da economia brasileira. Em 2012, o setor poderá ensaiar uma recuperação e crescer na mesma toada esperada para o PIB, entre 3% e 3,5%. Essa possibilidade, contudo, anima pouco os economistas que acompanham o setor. A indústria brasileira, dizem, passa por uma crise mais profunda, e o pífio resultado de 2011 - uma alta próxima a 0,5% no ano em relação a 2010 - não foi reflexo apenas das medidas adotadas para desaquecer a demanda interna.
Para a maioria dos analistas, a indústria, no máximo, vai acompanhar o PIB no próximo ano. Para o Banco Central, a ajuda dos segmentos de extrativa mineral e construção civil fará o setor como um todo crescer 3,7% em 2012, um pouco acima dos 3,5% projetados para o PIB.
Além do câmbio desfavorável, nos últimos anos o aumento dos salários afetou o custo do setor e, consequentemente, a competitividade das companhias. O economista Fabio Ramos, da Quest Investimentos, calcula que, descontando a inflação e a produtividade, o salário dos trabalhadores da indústria cresceu 10% desde meados de 2008, enquanto a atividade nas fábricas ainda não conseguiu superar o nível pré-crise.
"Nosso diagnóstico é que a crise da indústria não é conjuntural", avalia Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A concorrência dos importados ficou mais pesada em 2011 e coloca em xeque o efeito das medidas recentemente tomadas pelo governo para estimular o setor, como a redução de impostos para itens de linha branca. Para David Kupfer, da UFRJ, os setores de bens de consumo continuarão sofrendo a concorrência de fora em 2012, mas há boas perspectivas para os setores vinculados ao investimento público, como a construção civil.
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